Pimentel admite chance de racionamento severo em Minas
Governador mineiro esteve nesta quarta em Brasília para pedir ajuda ao governo federal em obras contra a estiagem
O agravamento da crise hídrica no Sudeste brasileiro ameaça colocar Minas Gerais sob um severo racionamento de água em três meses. Foi o que afirmou nesta quarta-feira o governador do Estado, Fernando Pimentel (PT). Ele se reuniu pela manhã com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto para tratar do assunto. Segundo Pimentel, o objetivo do governo estadual é reduzir em 30% o consumo de água por meio de uma campanha educativa. Caso a meta não seja alcançada, Minas pretende adotar medidas “mais drásticas”, como o rodízio de água e até o racionamento, alertou o governador.
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“Se não chover, se o consumo não cair, se a vazão não aumentar, e se não houver mais captação, em três meses vamos ter de racionar severamente”, disse o governador, ao falar com jornalistas após audiência com Dilma. “Colocamos a meta de 30% porque é uma meta factível, que nos permite vislumbrar atravessar o ano sem medidas mais drásticas. Se isso não acontecer, vamos para rodízio e racionamento.”
Depois da reunião com Pimentel, Dilma discutiu com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), o cenário da crise hídrica no Estado. Na sexta-feira, haverá uma audiência com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para falar do assunto. Os três governadores deverão retornar na próxima semana a Brasília para participar de uma audiência conjunta com representantes do governo.
“Pela primeira vez o governo do Estado de Minas Gerais apresentou à presidente da República a crise hídrica do Estado. A situação, de fato, é grave. Temos uma situação já crítica na região metropolitana e no norte do Estado, também, municípios em situação quase de colapso de abastecimento de água. Isso foi mostrado à presidenta no intuito de que ela tomasse conhecimento da realidade da situação de Minas”, comentou Pimentel. “Eu vi a preocupação da presidente com a situação, ela ficou visivelmente preocupada e orientou os ministros que nos apoiem em tudo que for necessário”.
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Como de praxe no PT, Pimentel aproveitou a ocasião para politizar a discussão. “Os reservatórios que compõem o sistema de abastecimento da região metropolitana de Belo Horizonte em janeiro do ano passado tinham 70% da sua capacidade tomada e esse número caiu em janeiro deste ano para 30%. Foi uma queda muito acentuada. A curva foi declinante ao longo dos 12 meses de 2014. Essa situação, portanto, já podia ter sido detectada em meados do ano passado”, disse o governador.
A Agência Nacional de Águas (ANA), de acordo com Pimentel, fez dois alertas para a companhia de saneamento estadual, a Copasa, chamando atenção para a gravidade da situação em agosto e setembro do ano passado. Na época, o governador de Minas era Alberto Pinto Coelho (PP), que assumiu o cargo após a saída de Antonio Anastasia (PSDB), que se elegeu senador. “Esses dois alertas não foram levados em conta, a população não foi comunicada da gravidade da situação e essas medidas de economia que poderiam ter sido adotadas há seis meses atrás não foram. Vão ter de ser adotadas agora, com atraso e mais intensidade”, criticou Pimentel. Em seguida, tentou contemporizar: “Não nos interessa transformar isso em uma disputa partidária política. Temos agora de estar unidos. É uma crise grave no Sudeste brasileiro. Agora, no nosso caso, de fato, a companhia de saneamento estadual deixou de tomar as medidas necessárias. Isso que estamos fazendo agora já podia estar sendo feito em meados do ano passado”, disse o petista.
De acordo com o Pimentel, o governo de Minas Gerais pretende aumentar a capacidade da captação na bacia do Rio Paraopeba para o reservatório Rio Manso. Segundo ele, o valor da obra seria inferior a 1 bilhão de reais. “Não temos um projeto pronto, esse projeto vamos entregar no final do mês de fevereiro, é algo razoável, não é um número absurdo. Menos de 1 bilhão de reais, bem menos”, comentou. Em uma rápida declaração, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, garantiu que o governo federal “vai dar o apoio necessário ao governo do Estado”.
“A ideia é que a gente tenha esses detalhes (da obra de captação) até o final de fevereiro, para o governo federal definir como vai ajudar isso. Pode ser inclusão dentre as obras do PAC, pode ser ação conjunta pra viabilizar execução ou outras modalidades. O governo federal vai apoiar a realização dessa obra”, assegurou Barbosa.
(Com Estadão Conteúdo)