PF investiga contratos públicos que somam R$ 15,6 bilhões
Fraudes e corrupção são responsáveis por 12% das operações realizadas pelas PF; Nordeste lidera ação do crime organizado
Suspeitas de fraudes e corrupções levam a Polícia Federal (PF) a investigar contratos da administração pública que juntos somam 15,6 bilhões de reais em investimentos do Tesouro. Essa é a primeira vez que a PF divulga o mapeamento das investigações de crimes contra os cofres públicos.
Há 12.870 inquéritos em curso em todo o país que apuram delitos dessa natureza – peculato, desvios, violação à Lei de Licitações por cartéis e outros atos lesivos ao patrimônio público. Esse número representa quase 12% de todas as investigações da PF, que totalizam 108.822 inquéritos. O Nordeste é a região mais afetada pela ação do crime organizado, concentra 5.371 inquéritos, 41,7% dos procedimentos. A PF atribui essa demanda ao fato de a União destinar recursos mais constantemente para a área.
O Distrito Federal é onde a PF mantém sob suspeita contratos que manejam o maior volume de recursos: 5,85 bilhões de reais ao todo. O argumento é que Brasília aloja ministérios e autarquias federais, fontes de dinheiro para projetos e programas que atendem a emendas parlamentares.
Na sequência aparecem Rio de Janeiro (4,5 bilhões de reais) e Goiás (1,2 bilhão de reais). Em São Paulo, somam 128,82 milhões de reais os recursos aportados em contratos sob investigação. São valores investidos em obras e serviços de contratos públicos. Não quer dizer que tudo tenha sido desviado. “Pode ser menor (o desvio), pode ser maior”, pondera o diretor-geral da PF, delegado Leandro Daiello.
Leia mais:
Lei que pune com multa empresa que pagar propina entra em vigor nesta quarta-feira
Cartéis em licitações são realidade, admite Cardozo
Entenda as denúncias de cartel no metrô de São Paulo
Empresas suspeitas de fraudes financiaram petistas no AC
Tião Viana avisou suspeito sobre crédito ‘sem amarras’
Depois de um inquérito e ação realizada pela PF, a Justiça de Alagoas confiscou no ano passado 344,9 milhões de reais em bens e valores de suspeitos.
Cartel – Os cartéis também entraram na mira da PF. No Acre, foi desencadeada a Operação G7, com a identificação de sete empresas da construção civil que atuavam em conluio para fraudar licitações de obras públicas em cinco municípios. Em seis contratos, no valor de 40 milhões de reais, o prejuízo foi de quatro milhões de reais.
No Maranhão, onde a PF investiga contratos no valor total de 115,85 milhões de reais, a Justiça bloqueou 5,15 milhões de reais da Operação Cheque em Branco – que flagrou sete prefeituras em desvios de recursos destinados a hospitais e ao ensino básico. Os gestores utilizavam-se das contas públicas para emitir cheques e formulários de saque em branco, em garantias a agiotas de valores tomados emprestados para custeio de campanhas políticas.