Pedido de prisão de Cunha agita o Conselho de Ética
Presidente do colegiado afirmou que a ação da Procuradoria-Geral da República mancha a imagem da Câmara dos Deputados
O pedido de prisão do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tornou-se público no mesmo dia em que o Conselho de Ética se reúne para votar a cassação do peemedebista – e foi usado como embasamento entre aqueles que defendem a perda do mandato de um dos mais influentes políticos brasileiros. Antes do início da sessão, o presidente do colegiado chegou a afirmar que a ação da Procuradoria-Geral da República “denigre” a imagem da Câmara dos Deputados.
“Não posso dizer se influencia ou não, mas [o pedido de prisão] pelo menos vai fazer com que os deputados pensem e reflitam”, disse José Carlos Araújo (PR-BA). “É uma coisa que denigre a imagem da Câmara. É algo lamentável e agora todo mundo vê que o que foi dito é verdade. Embora esteja afastado, Eduardo Cunha continua manobrando aqui na Câmara. O conselho sente a cada instante os dedos dele”, continuou o presidente do colegiado.
Favorável à cassação de Cunha, o deputado Nelson Marchezan (PSDB-RS) afirmou que o pedido da PGR tem uma simbologia “especial” e indica uma “oxigenação” da política. “Dá uma ideia de que as instituições estão cumprindo o seu papel e tentando pelo menos punir aqueles que historicamente representam tudo aquilo que a sociedade não quer na política”, discursou.
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Vice-presidente do colegiado, o deputado Sandro Alex (PSD-PR) disse que é “obrigação” do Conselho de Ética cassar o mandato de Eduardo Cunha. “A cassação do Eduardo Cunha não é a pena mais grave. Mais grave é a prisão, que não cabe a nós, mas apenas ao poder Judiciário”, disse.
Houve ainda espaço para discursos pró-Cunha. Integrante da conhecida “tropa de choque” do peemedebista, o deputado Laerte Bessa (PR-DF) afirmou que Cunha “fez um grande favor à sociedade” ao instaurar o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. “Só por isso eu voltaria nele, mesmo sabendo que ele pode ser condenado pelo Supremo”, disse.