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Para salvar benefícios de delação, amigo de Dirceu confessa ter mentido a Moro

Confissão do lobista Fernando Moura aconteceu um dia depois de o Ministério Público Federal ter ameaçado cancelar seu acordo de colaboração com a Justiça

Por Da Redação
29 jan 2016, 09h00

O delator Fernando Moura, amigo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e operador do PT, confessou nesta quinta-feira ter mentido em depoimento prestado ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da operação Lava Jato em Curitiba (PR), na semana passada. A revelação foi feita um dia depois de o Ministério Público Federal (MPF) ter ameaçado cancelar seu acordo de delação premiada, sob o argumento de que houve “flagrante contradição” em um trecho dos relatos concedidos no dia 22 de janeiro.

O trecho dos relatos de Moura que irritou os procuradores refere-se ao motivo de sua saída do país, em 2005, auge do escândalo do mensalão, supostamente por sugestão de Dirceu – réu e preso da Lava Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Em agosto de 2015, no acordo firmado com a Justiça, o lobista confessou que “resolveu se mudar para Paris após receber a ‘dica’ de José Dirceu para ‘cair fora'”. Na sexta-feira da semana passada, no entanto, Moura mudou sua versão. “Depois que eu assinei [o acordo de colaboração] que eu fui ler, eu disse que foi o Zé Dirceu que me orientou a isso. Não foi esse o caso. Eu saí, porque saiu uma reportagem minha na Veja, em março de 2005”.

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Nesta quinta, Moro lembrou ao empresário que, na delação, ele deu aquela versão, atribuindo a Dirceu a ideia de deixar o país. “Falei isso?”, questionou Moura. “Falou”, disse Moro. “Assinei isso?”, perguntou o empresário, rindo. “Devem ter preenchido um pouquinho mais do que eu tinha falado”, disse o lobista, insinuando que sua delação pudesse ter sido deturpada por procuradores da operação ou por seus advogados. Moro o repreendeu: “Não, não é assim que a coisa funciona”. “Se eu falo e depois é colocado no papel, eu nem leio. Eu até pergunto para o advogado, ‘é isso aqui?'”, afirmou.

Depois de ter confessado que mentiu no interrogatório anterior, para tentar salvar os benefícios que poderia ter como colaborador da Lava Jato, Moura confirmou que Dirceu recebia propina de empreiteiras e que sabia que esse dinheiro era proveniente de desvios da Petrobras, segundo o jornal Folha de S. Paulo, desta sexta-feira. “Eu tenho certeza que ele tinha [conhecimento]”, afirmou.

O lobista disse que mentiu por ter se sentido vítima de uma “ameaça velada”. “Saí do despachante, uma pessoa me abordou: ‘Oi, tudo bem? Como estão seus netos no Sul?’. Fiquei completamente transtornado”, afirmou ele, que chegou a cogitar mudar todo o seu depoimento, mas não citou nomes.

Para investigar a contradição, os procuradores abriram “procedimento de apuração de violação de acordo de colaboração premiada”. “Todos os fatos revelados por ocasião da colheita desses termos de colaboração no dia 28 de agosto de 2015 são verdadeiros, ao contrário do que foi dito por ele em seu interrogatório judicial”. Onze procuradores da força-tarefa da Lava Jato assinaram o pedido que foi entregue a Moro. O depoimento gravado do empresário também foi dado ao juiz.

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Para os procuradores, “a contradição entre as informações prestadas pelo colaborador no anexo de seu acordo com as declarações que foram prestadas em juízo é evidente”. Eles sugerem que Moura seja ouvido novamente nesta sexta-feira, mesmo dia do depoimento de Dirceu.

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(Com Estadão Conteúdo)

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