Outro homem de confiança de Paes é acusado de agredir ex-mulher e de ameaçar namorada de morte
Depois de Pedro Paulo, subchefe de gabinete do prefeito é alvo de denúncias feitas por duas diferentes mulheres. Justiça concedeu medida protetiva que o impede de se aproximar de uma das jovens
Depois da divulgação de dois casos de espancamento envolvendo seu fiel escudeiro e secretário-executivo Pedro Paulo Carvalho, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, tem pela frente mais um caso de agressões a mulheres envolvendo um de seus homens de confiança. O valente da vez chama-se Bernardo Lahmeyer Fellows, 34 anos, subchefe do gabinete de Paes.
A peculiaridade do caso está no fato de que, ao contrário de Pedro Paulo, Fellows foi denunciado na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), por duas mulheres diferentes. O primeiro episódio ocorreu em 30 de abril de 2014, exatamente 28 dias após ser nomeado pelo próprio prefeito no seu gabinete. Naquele dia, sua então esposa, a dentista Viviane Cristine Lahmeyer Fellows, procurou a delegacia para denunciá-lo por agressão (vias de fato) e injúria, gerando o registro de ocorrência número 1535/2014. Localizada por VEJA, Viviane se limitou a dizer que “O Bernardo ainda é meu marido e não vou falar sobre o caso”.
O novo escândalo de um outro assessor de Paes às voltas com a Lei Maria da Penha coloca em xeque, mais uma vez, a atuação da Polícia Civil e do Ministério Público nas investigações destes casos. A surra que Pedro Paulo impôs à ex-mulher Alexandra Marcondes (quebrando um de seus dentes), em fevereiro de 2010, foi denunciada e, por cinco anos e oito meses, o inquérito ficou parado na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade. Somente após a denúncia de VEJA o caso foi adiante e, hoje, está nas mãos do procurador geral da República, Rodrigo Janot, já que Pedro Paulo é deputado federal e tem foro privilegiado.
Bernardo Fellows, mesmo não sendo tão poderoso e nem postulante ao cargo de prefeito nas eleições de 2016 como Pedro Paulo, também ficou longe do foco das autoridades. O inquérito se arrastou na delegacia e no último dia 5, ele prestou novo depoimento. Tamanha leniência fez Bernardo se sentir à vontade para agir de forma destemperada novamente. A vítima da vez chama-se Patrícia Proença dos Santos, assessora do vereador Marcelo Arar (PT), com quem manteve um relacionamento amoroso nos últimos três anos.
Duas semanas depois que o site de VEJA trouxe à tona o Caso Pedro Paulo, Patrícia esteve na Deam de Jacarepaguá, a mesma por onde passou Alexandra em 2010. No último dia 30 de outubro, ela relatou, no registro 03079/2015, as ameaças contra sua vida que Bernardo Fellows vinha fazendo por não aceitar o fim do namoro. “Ainda bem que você voltou pra mim, pois os meus planos eram te matar e me matar”, afirmou no depoimento, acrescentando ainda detalhes do perfil “explosivo” de Bernardo. Em 1º de novembro, no processo 0441453-77.2015.8.19.0001, a juíza Maria Izabel Pena Pieranti acatou o pedido da jovem de mantê-lo afastado a pelo menos 200 metros: “…verifica-se a plausibilidade da prática de ameaça, por parte de Bernardo, noticiada pela vítima”.
VEJA localizou Patrícia na Câmara de Vereadores do Rio. Assim como Viviane, a jovem preferiu dizer apenas que não fala mais com Bernardo e quer seguir a sua vida.
Eduardo Paes já se posicionou mais de uma vez a respeito das agressões que Pedro Paulo impôs à sua ex-mulher, tratando a questão como um “problema pessoal”. A cada frase dessa, seus assessores-agressores seguem à vontade para bater e intimidar ainda mais suas vítimas. Tanto que, procurado, Bernardo Fellows enviou uma nota através do seu advogado, repetindo o discurso do patrão: “Os fatos de sua vida privada não são de interesse público”.
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