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Ônibus são queimados após 4 mortes em favela no Rio

Moradores do São Carlos, que conta com UPP desde 2011, atearam fogo a dois coletivos depois que um adolescente, um jovem e mais dois mototaxistas foram mortos enquanto ocorria uma operação do Bope

Por Leslie Leitão 15 Maio 2015, 12h11

Foi uma manhã de caos pelas ruas do Estácio e do Rio Cumprido, no Centro do Rio de Janeiro, depois que moradores do Complexo de São Carlos – área considerada pacificada pela secretaria de segurança estadual desde maio de 2011 e que conta com 244 PMs – fecharam o tráfego em várias localidades e atearam fogo em pelo menos dois ônibus. O estopim da revolta foi uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope), iniciada na tarde desta quinta-feira, que resultou na morte de duas pessoas: Ysmailon da Luz Alves Santos, de 21 anos, e João Vitor Petrato Gomes, de 15 anos. Mais tarde, outros dois jovens, ambos mototaxistas, foram encontrados mortos. Os corpos de Ramon Moura, de 22 anos, e Rodrigo Lourenço, de 29, teriam sido jogados numa localidade conhecida como Terreirão e, segundo parentes, teria marcas de facadas. Com estes casos, já são 12 assassinatos na região em uma semana.

“Encontramos dois corpos e agora temos a obrigação de dar uma resposta à sociedade”, afirmou o delegado Rivaldo Barbosa, diretor da Divisão de Homicídios.

Em outras três regiões da cidade que também contam com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), a tarde e a noite de quinta-feira também foram de medo, com confrontos intensos na Vila Cruzeiro, na Penha, na Nova Brasília, no Complexo do Alemão, e no Morro da Mangueira. No Morro da Mineira, no próprio Estácio, uma base da UPP foi atacada a tiros por traficantes.

O terror voltou a tomar conta da região central da cidade na semana passada, quando cerca de 50 traficantes do Comando Vermelho – que comandam os morros do Fallet e Fogueteiro (que também têm UPP desde 2011) – atravessaram a principal via do bairro do Catumbi e tentaram tomar o controle das bocas de fumo do vizinho Morro da Coroa, que apesar de também ser “pacificado” é controlado pela facção Amigos dos Amigos (ADA). Desde então, pelo menos seis pessoas morreram nestes confrontos, sendo dois inocentes, entre eles o rapper Diego Luniére, de 22 anos. A guerra, no entanto, se estendeu ao Complexo de São Carlos, dominado pela ADA e que reforçou seu bando para impedir um novo ataque rival. Com esta informação, o Bope chegou a fazer uma primeira operação na região, na noite de terça-feira. E, na ocasião, o sargento identificado como Hermes foi atingido na perna.

Um levantamento feito pelo site de VEJA indica que, desde o início do projeto UPP, em dezembro de 2008, este foi o 195º policial atingido por tiro em regiões consideradas pacificadas pelo secretário de segurança José Mariano Beltrame. Desses, 21 foram mortos. Somente em 2015 já são 52 PMs atingidos e cinco deles morreram.

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Os ônibus queimados deram um nó no trânsito de quem tentava chegar ao centro ou seguia para o Túnel Santa Bárbara, que liga a Zona Norte à Zona Sul. No Largo do Estácio, em frente à estação do metrô, o primeiro coletivo foi incendiado. PMs tentaram conter os manifestantes atirando bombas de gás e houve correria. Várias escolas fecharam as portas e pelo menos mil estudantes da rede pública estão sem aula. “É uma reação do tráfico”, disse o governador Luiz Fernando Pezão, parecendo não entender a situação caótica que vem se alastrando pelo projeto das UPPs.

Em outras regiões do Rio de Janeiro o clima também está tenso. Em Engenheiro Pedreira, na Baixada Fluminense, criminosos atearam fogo a pelo menos dois ônibus e chegaram a dar 15 tiros num dos veículos em outro protesto contra ações policiais. Em Acari, uma operação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil deixou a adolescente Ana Júlia dos Santos Coutinho, de 14 anos, ferida no tórax. Ela segue internada no Hospital Souza Aguiar e as armas dos agentes foram apreendidas para perícia.

12 mortes em uma semana

08.mai.15 – Rodrigo da Silva, Daniel Lima, Jonathan Cardoso e Leonardo de Castro, todos suspeitos de integrar o tráfico do Morro da Coroa, são mortos no primeiro ataque da quadrilha do Fallet. Outras cinco pessoas ficaram feridas, entre elas três adolescentes que jogavam bola num campo de futebol e uma mulher grávida de cinco meses

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10.mai.15 – O rapper Diego Rodrigues Luniere, de 22 anos, foi visitar a família na Coroa e acabou morto por uma bala perdida durante um confronto entre traficantes e policiais do Batalhão de Choque. Um outro homem, não identificado, foi atingido por uma bala no olho e também acabou morrendo

12.mai.15 – Geraldo Martiniano da Silva, de 44 anos, e Luan Rodrigues de Sousa Gama, de 20, morreram em tiroteios no Morro da Coroa. O sargento Hermes, do Bope, foi ferido no pé durante um confronto com traficantes no vizinho São Carlos

14.mai.15 – João Vitor Petrato Gomes, de 15 anos, morreu por uma bala perdida no Morro do Querosene. Já Ysmailon da Luz Alves Santos, de 21, morreu com um tiro no tórax. Ele estaria com um fuzil

15.mai.15 – Ramon Moura, de 22 anos, e Rodrigo Marques Lourenço, de 31, ambos mototaxistas, foram encontrados mortos por facadas numa mata do Terreirão​

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