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Obra irregular é causa mais provável do desabamento

Especialista em geotecnia afirma que falha de terreno seria percebida a longo prazo. Prefeito do Rio descarta risco de explosão causada por gás

Por João Marcello Erthal, Branca Nunes e Cecília Ritto
26 jan 2012, 10h30

Obras realizadas em dois pavimentos do edifício de 20 andares não tinham registro no CREA-RJ

As causas exatas do desabamento de três prédios no centro do Rio ainda estão sob os escombros. Mas os primeiros sinais de que alguma intervenção malfeita tenha proporcionado o desequilíbrio da construção mais alta, de 20 andares, começam a aparecer. As hipóteses consideradas na investigação vão de uma acomodação de terreno a uma explosão causada por vazamento de gás, e o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-RJ) prefere não descartar qualquer possibilidade. Mas há algumas pistas que começam a ser levadas em conta.

Especialista em Geotecnia da Coppe/UFRJ, o professor Maurício Erlich vê poucas chances de uma mudança no terreno ter causado o abalo inicial. “Problemas de geotecnia podem ter efeitos rápidos ou lentos. Os rápidos ocorrem normalmente ainda na construção, e rapidamente se percebe algo errado. Os lentos dão sinais: inclinação, deformação da construção, algo que é perceptível por quem frequenta o local, o que não parece ser o caso”, explica Erlich.

As construções naquela área têm mais de 60 anos, e mudanças no solo comprometeriam uma área ampla, lembre Erlich. “Pelas características do desabamento, considero mais provável que algum erro, alguma bobagem em uma obra tenha prejudicado a estrutura. Isso ocorre, por exemplo, quando se perfura alguma viga, ou prejudica-se de alguma forma um pilar”, explica.

Pelas próprias limitações das técnicas de engenharia, as estruturas antigas eram concebidas com uma margem folgada de resistência. E o professor da Coppe considera também pouco provável que o acúmulo de material de construção em um dos pavimentos tenha causado o estrago.

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O CREA-RJ recebeu informações sobre duas obras no edifício Liberdade, no nº 44 da Av. 13 de Maio – o mais alto deles, e primeiro a ruir. As intervenções no 3º e no 9º andares não tinham registro na entidade, que, agora, procurará saber quem eram os responsáveis pelas intervenções. Elas são, inicialmente, consideradas causas prováveis do desabamento.

Valor histórico – Segundo o historiador Milton Teixeira, entre os três prédios que desabaram na noite desta quarta-feira no Rio de Janeiro, o único que tinha maior relevância história ficava na esquina das ruas Manoel de Carvalho com a Treze de Maio. Em estilo Art Déco e estrutura de concreto armado, o edifício foi construído em 1942.

Teixeira observou também que a região em torno do Teatro Municipal do Rio era uma grande lagoa – “repleta de jacarés”, afirma o historiador – nos séculos XVI e XVII. “Por serem construções da primeira metade do século passado, esses prédios que desabaram talvez não tivessem alicerces próprios para solos corrosivos”, acredita Teixeira. “Só os engenheiros poderão dizer isso com segurança, mas alguns edifícios que visito naquela região aparentemente não têm uma estrutura adequada para aquele tipo de terreno”.

Vítimas – O subsecretário de Defesa Civil do Rio, Márcio Mota, confirmou por volta do meio-dia que cinco corpos foram retirados dos escombros. Os bombeiros procuram, desde a noite de quarta-feira, por 19 desaparecidos. Seis pessoas foram regatadas com vida, três delas permaneciam internadas no Hospital Souza Aguiar na manhã desta quinta-feira.

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