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O Rio dos paradoxos

O inegável charme da capital da Olimpíada de 2016, globalmente celebrado, convive com a inépcia do poder público, atalho para a dramática crise financeira que fechou hospitais controlados pelo estado

Por Da Redação
29 dez 2015, 20h44

Pela televisão, tudo sempre parecerá mais organizado e bem administrado do que a realidade entrega. Estima-se que 4,5 bilhões de pessoas em algum momento entre 5 e 21 de agosto de 2016 acompanhem as partidas de vôlei de praia da Olimpíada com o mar de Copacabana ao fundo, a maratona à margem da Baía de Guanabara, de um lado o Pão de Açúcar, do outro o Cristo Redentor lá no cume do Corcovado, num recorte da natureza que um dia o antropólogo Claude Lévi-Strauss comparou, com mau humor, a uma boca banguela. A boa toada das obras esportivas, a inauguração de longos trechos de infraestrutura de mobilidade urbana, tudo ancorado no empenho do prefeito Eduardo Paes, pareciam indicar um caminho sem muitos sobressaltos para os Jogos Olímpicos do Rio – especialmente se comparados ao país em plena crise econômica e política. O Brasil de 2009, quando o Rio ganhou a corrida olímpica, não existe mais – mas a cidade parecia resistir aos estragos.

Não mais. Na véspera do Natal, o governo estadual revelou a existência de uma dívida financeira de 1,4 bilhão de reais com fornecedores da área de saúde. O resultado foi o fechamento total ou parcial de pelo menos sete hospitais e dezessete Unidades de Pronto Atendimento, parte deles na capital. A alegação oficial foi a queda brusca na arrecadação de ICMS e na receita de royalties do petróleo com o declínio do preço do barril. São explicações plausíveis, mas insuficientes para esconder a inépcia e o mau planejamento. As cenas tristes de pacientes à espera de um leito certamente não aparecerão na televisão – mas não há como escondê-­las, como mostra a reportagem a seguir. O Rio olímpico, o Rio da esperança de um amanhã menos desigual, é também o Rio de hoje, no pronto-socorro. Salvá-lo do colapso da saúde é o único caminho de recuperação de uma cidade celebrada globalmente – apesar do tráfico de drogas, do crime, da sujeira e do descaso – por um estilo de vida singular. Não há outro lugar no mundo capaz de manter essas duas facetas em doses iguais. Mas, para que o lado bom e bonito prospere, é crucial que o ruim e feio esteja minimamente controlado. A convite de VEJA, alguns cariocas da gema, e outros por escolha, traduziram em artigos exclusivos esse estado de espírito de uma população que continua a enxergar na sua praia o umbigo do universo, mesmo passado mais de meio século dos áureos tempos de capital federal. Neste pacote especial há um pouco de história, um tanto das mazelas atávicas e um bocado do jargão local – enfim, aquilo que faz do Rio o Rio, apesar da vergonha de hospitais momentaneamente protegidos por tapumes.

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