Se for absolvido, Gil Rugai receberá 5,5 milhões de herança
Interrogatório do acusado de matar pai e madrasta está previsto para hoje, quarto dia de julgamento; defesa afirma: ele está disposto a falar
O julgamento do ex-seminarista Gil Rugai, acusado de matar o pai, Luís Carlos Rugai, e a madrasta, Alessandra Troitino, em 2004, entra nesta quinta-feira em seu quarto dia – e promete ser marcado pelo interrogatório do réu. “Gil irá responder a absolutamente todas as perguntas que forem feitas no interrogatório”, afirmou um dos advogados de defesa, Marcelo Feller. “Mas se for agredido e pressionado, ele vai parar de responder.”
A sentença a ser proclamada pelos jurados no fim do julgamento, previsto para esta sexta-feira, não definirá apenas o futuro de Gil Rugai, mas também a partilha da herança deixada por Luís Carlos. Estima-se que, atualmente, perto de 22 milhões de reais estejam parados aguardando o júri.
Se absolvido, o réu terá direito a usufruir os quase 5,5 milhões a que tem direito – o porcentual representa 25% do total, já que a família de Alessandra deve receber 11 milhões. A outra metade, pela lei, será dividida entre os dois irmãos ou será entregue apenas a Léo Rugai – caso Gil seja condenado.
Luís Carlos e Alessandra não eram oficialmente casados, mas estavam juntos havia mais de 10 anos. De acordo com a legislação brasileira, a relação do casal já era considerada uma união estável, o que dá direito à metade dos bens à mulher. A família de Alessandra Troitino pleiteia o direito na Justiça e os parentes de Gil Rugai contestam.
Leia também:
Gil Rugai era demitido com frequência pelo pai, diz irmão
Juiz convoca sócio de Gil Rugai para depor em julgamento
Defesa relaciona morte do pai de Rugai ao tráfico de drogas
Testemunhas – Além do depoimento do réu, estão previstas para esta quinta as oitivas de mais três testemunhas chamadas pelo próprio juiz do caso: um ex-sócio de Gil Rugai, um motorista e um vigia da vizinhança onde moravam as vítimas. Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça, o magistrado deve decidir nesta quinta sobre a possibilidade de ouvir apenas uma das testemunhas.
Na quarta-feira, os jurados ouviram o depoimento do irmão do acusado, Leo Rugai. Ele afirmou que o réu era demitido da produtora do pai com frequência. “Acho que era uma forma de meu pai educar o Gil. Às vezes, ele cometia um erro e era demitido”, disse.
Ele se referiu ao irmão como “uma figurinha”, na tentativa de justificar ao júri o material encontrado no quarto de Gil durante as investigações, como seringas com sangue e uma suástica. O depoimento de Leo encerrou o terceiro dia de julgamento de Rugai após oito horas de audiência. Para ele, o irmão é inocente. A acusação não quis fazer perguntas à testemunha.
Além de Leo, nesta quarta-feira foram ouvidas cinco pessoas: uma antropóloga especialista em júri, um jornalista, um perito do Instituto de Criminalística (IC), um contador da produtora do pai do acusado e o vigia que trabalhava próximo a casa das vítimas. Duas testemunhas foram dispensadas pela defesa.
Para a promotoria, Rugai assassinou com tiros nas costas o próprio pai, Luís Carlos Rugai, e a madrasta, Alessandra Troitino, por dinheiro, em março de 2004. Ele teria sido descoberto em um esquema de desvio de valores na produtora de vídeo do pai, que pretendia denunciá-lo à polícia.
(Com Estadão Conteúdo)