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“Não disse que não conheço Adair”, afirma Lupi

Ministro tenta cumprir a difícil tarefa de desmentir a si mesmo e provar que nunca havia negado viagem em jatinho de dirigente de ONGs

Por Gabriel Castro
17 nov 2011, 11h30

Em mais uma etapa de seu périplo antes do inevitável, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, falou à Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado na manhã desta quinta-feira. A audiência teve início por volta das 9h45 e durou cerca de três horas. O pedetista, que continua ministro sabe-se lá por que, tentou explicar o inexplicável: como usou um jatinho pago pelo dono de entidades que mantêm contratos suspeitos com a pasta, Adair Meira. O mesmo jatinho que ele jurou não ter usado. O mesmo Adair que ele jurou não conhecer.

Menos falastrão do que nos últimos dias, o ministro iniciou sua exposição criticando a imprensa e dizendo-se vítima da má-fé dos meios de comunicação: “Não podemos viver numa sociedade em que se condena uma pessoa sem provas”, declarou. Não se sabe o que Lupi chama de prova. Mas o site de VEJA já mostrou um vídeo em que o pedetista desembarca do jato, em viagem ao Maranhão.

Lupi prosseguiu tentando desdizer o que havia dito na semana passada, em audiência na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados. Foi lá que, indagado pelo deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), ele negou ter viajado em aviões pagos por Adair. “Eu disse que não tenho nenhuma relação. Não disse que não o conheço”, arriscou o ministro – sem mencionar a parte do jatinho.

O ministro admitiu ter andado na aeronave do modelo King Air durante viagem ao Maranhão, outra informação que ele chegou a negar objetivamente. Mas disse que não sabe quem pagou as despesas do voo: “Eu não sei. Não enho a obrigação de saber. Eu não pedi a aeronave”, esquivou-se. De acordo com ele, o serviço foi contratado por Ezequiel Nascimento, ex-presidente do PDT do Distrito Federal.

Como se não bastasse, o ministro admitiu ter recebido ao menos uma diária do governo durante a viagem ao Maranhão, em que participou de eventos partidários. “Eu tenho que pegar os detalhes depois. Se estiver irregular, devolvo”, prometeu, simplesmente. Ainda durante a audiência, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) surgiu com a resposta: Lupi recebeu três e diárias e meia para fazer a viagem, em dezembro de 2009.

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“Ridículo” – Lupi ouviu críticas duras do líder do PSDB, Alvaro Dias (PR): “Essa tentativa de justificar o injustificável o torna ainda mais ridículo diante da opinião pública do país”, disse o tucano, para quem o ministro deveria “pedir perdão” por ter mentido.

Nem mesmo dentro do partido Lupi parece ter apoio. O senador Pedro Taques (PDT-MT) quer não só a saída do ministro, mas pede que o partido abra mão do cargo: “Entendo que o PDT deva se afastar o ministério, porque o PDT nesse ministério já não detém a confiança da sociedade brasileira”, afirmou. Lupi pediu um voto de confiança: “Dá ao teu amigo a chance de lutar pela verdade dele. Eu só quero ter a chance de não ser condenado sem provas”, respondeu.

Em nota oficial publicada no sábado, Lupi afirmou que a viagem tinha sido feita apenas em aviões Sêneca, providenciados pelo diretório regional de seu partido, o PDT. A versão começou a ser desmontada nesta quarta-feira, quando fotos do ministro desembarcando do King Air vieram à tona. Vídeo obtido com exclusividade pelo site de VEJA termina esse desmonte ao mostrar o ministro e Adair Meira no local da aterrissagem, com o avião ao fundo.

Lupi vem na corda-bamba desde que VEJA revelou um esquema de cobrança de propina na pasta. A situação se agravou com o flagrante da mentira do ministro aos parlamentares. A ida ao Senado deve ser a última chance que o pedetista terá para tentar convencer a presidente Dilma Rousseff de que deve continuar no cargo.

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