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MP investiga empresa da mulher de Jilmar Tatto

Site de VEJA revelou que Adli Tatto, mulher do secretário de Transportes de Haddad, é sócia do auditor investigado Moacir Fernando Reis

Por Felipe Frazão 15 nov 2013, 12h45

A Promotoria de Patrimônio Público de São Paulo investiga se a empresa Samepark Estacionamento, da mulher do secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, foi usada para lavar dinheiro obtido com o pagamento de propina. A empresa é uma sociedade de Adli Tatto com o auditor fiscal Moacir Fernando Reis, investigado no esquema de fraudes no recolhimento do Imposto Sobre Serviços (ISS), conforme revelou o site de VEJA.

“A empresa está sob investigação”, disse o promotor José Carlos Blat, que integra a força-tarefa do Ministério Público Estadual para levantar dados de enriquecimento ilícito de mais de quarenta fiscais na esfera civil. “Para nós, não há necessidade de demonstrar atos de corrupção (para começar investigar), basta a desproporcionalidade entre o salário e o patrimônio.”

De acordo com Blat, usar estacionamentos para lavar dinheiro “é um método jurássico”. Torna-se difícil comprovar se a movimentação de carros registrada em notas fiscais foi a que realmente ocorreu. Tatto afirma que a empresa não movimentou dinheiro e faliu.

“A iniciativa do Ministério Público é importante para dirimir as dúvidas que possam existir. A empresa existe, mas nem sequer chegou a iniciar sua atividade. Conheço Moacir Reis exclusivamente pelo fato de ser namorado de minha cunhada. Fora isto, não tenho nenhuma relação com ele”, afirmou Tatto, em nota.

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Fiscais montaram empresas para movimentar propina

Segundo dados da Junta Comercial de São Paulo, o estacionamento declarou sede na casa de Tatto, um apartamento no bairro da Vila Mariana, na Zona Sul da capital paulista. O Samepark tem capital social de 20 000 reais.

Reis é servidor de carreira e continua ativo na prefeitura com salário bruto de 19 607,61 reais. Ele é investigado no mesmo procedimento administrativo interno da prefeitura que apurou indícios de enriquecimento ilícito dos quatro auditores que foram presos: Ronilson Bezerra Rodrigues, Eduardo Horle Barcellos, Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral e Luis Alexandre de Magalhães.

O fiscal também possui mais duas empresas registradas em seu nome. Ele é sócio da Florbela Decorações Conveniência, um comércio em Embu das Artes (SP), e da MFPR Administração de Bens, aberta em 2010, com capital social de 541 000 reais, com atividade declarada de compra, venda e aluguel de imóveis próprios. A sede declarada é o apartamento de Reis, também na Vila Mariana.

“Com o salário que eles têm, possuem empresas de administração de bens próprios, o que é um absurdo”, disse Blat. “Isso é uma coisa primária. Nunca imaginei que em pleno século XXI fosse ver essas técnicas arcaicas de lavagem de capitais.”

Blat afirma que o uso de empresas para negociar compra e venda de imóveis com dinheiro de corrupção era usado pela primeira máfia dos fiscais, desbaratada em 1999, na gestão do ex-prefeito Celso Pitta, morto dez anos depois.

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“Eles não têm qualquer tipo de cuidado. Isso demonstra que foram imprudentes e que tinham um respaldo forte dentro da prefeitura e da Câmara Municipal. Era escancarado”, disse Blat. “Não consigo conceber que quatro ou dez fiscais possam deter um poder político tão grande e movimentar tantos milhões de reais sem serem incomodados, supervisionados por alguém do sistema político. É inconcebível.”

Controladoria – Reis já havia sido intimado a depor na Controladoria-Geral do Município, no dia 24 de outubro, mas só foi exonerado do cargo de confiança pelo prefeito Fernando Haddad (PT) após a publicação da reportagem do site de VEJA.

O fiscal se apresentou ao Ministério Público na última segunda-feira, mas “não esclareceu fatos e disse ter sido surpreendido com a publicação da reportagem”, segundo o promotor Roberto Bodini.

Questionado sobre sua relação com o servidor, Tatto disse que desconhecia a investigação sobre Reis. O secretário também afirmou que “não se lembrava” do estacionamento de sua mulher com o auditor, porque “a empresa nunca movimentou dinheiro”. Apesar disso, o Samepark continua aberto na Junta Comercial.

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