Moldada pela indústria
Além da boa localização, o tamanho reduzido ajudou a cidade de Porto Real (RJ) a se tornar sede de mais de quarenta grandes indústrias
O viajante distraído que segue de São Paulo ao Rio de Janeiro pode nem notar a cidade de Porto Real, às margens da Via Dutra. O município tem 17.600 habitantes. Mas aqui está um PIB per capita oito vezes superior à média nacional. Graças à indústria.
As primeiras fábricas vieram por razões pragmáticas: Porto Real fica no meio do caminho entre Rio de Janeiro e São Paulo, tem terrenos planos numa região onde isso é raro e abriga espaço físico de sobra para crescer, o que cidades próximas como Resende e Volta Redonda já não possuem.
Além disso, a prefeitura garantiu isenção de impostos e a doação de um terreno de 3 milhões de metros quadrados à Peugeot Citroën, a primeira grande indústria a se instalar em Porto Real depois da emancipação. “A ideia era pegar uma cidade pequena que pudéssemos moldar da nossa forma”, diz Eduardo Chaves, Diretor Industrial da fábrica. Hoje, o município tem mais de quarenta grandes empresas. As pequenas e médias são mais de 1.000.
No ano passado, as exportações da cidade somaram 798 milhões de dólares. Em 2000, eram apenas 10,5 milhões. E a conta continua crescendo de forma intensa: o volume dobrou entre 2012 e 2013.
A ascensão econômica de Porto Real ainda é muito recente. Os carros aqui fabricados precisam ser comprados em outras cidades, porque não existem concessionárias no município. O centro de Porto Real (RJ) tem seis bons restaurantes que recebem os funcionários das empresas aqui instaladas. De dia, os espaços ficam cheios. À noite, nem mesmo abrem as portas. Não há prédios altos por aqui. E, na principal avenida da cidade, ainda é possível encontrar terrenos cujos únicos moradores são alguns bois e vacas.
Mas o dinheiro recém-chegado já começou a trazer melhorias importantes para o município. Porto Real tem o maior gasto com educação per capita do Estado do Rio de Janeiro. São 11.300 reais por ano. As nove escolas municipais da cidade (que abriga ainda uma estadual e duas particulares) possuem aparelho de ar condicionado e quadra de esportes coberta.
Favorecida pela alta arrecadação(e pela população reduzida), a cidade conseguiu dar gratuidade para os 150 000 usuários mensais das oito linhas de ônibus existentes. Ninguém paga passagem. A prefeitura gasta 3 milhões de reais por ano com o projeto, o que representa 1,3% do orçamento anual do município. Por fim, a violência é baixa: não houve roubos a pedestres em 2014.
No ano passado, as montadoras da região também se aliaram aos fornecedores e organizaram um cluster de vinte empresas para reivindicar obras de infraestrutura e logística. Quando o poder público falha, elas próprias trilham alternativas e pedem que as autoridades façam sua parte. Os frutos começam a surgir: este ano, com apoio da iniciativa privada, Porto Real abrirá o seu próprio curso profissionalizante.
Expedição VEJA, quilômetro a quilômetro
Datas* | Cidade |
---|---|
6/5 | Jundiaí/SP |
7/5 | Joinville/SC |
9/5 | Não-me-toque/RS |
11/5 | Guarapuava/PR |
12/5 | Três Lagoas/MS |
14/5 | Rondonópolis/MT |
15/5 | Sorriso/MT |
17/5 | Barra do Garças/MT |
18/5 | Brasília/DF |
19/5 | Luis Eduardo Magalhães/BA |
21/5 | Cristino Castro/PI |
22/5 | Picos/PI |
23/5 | São Gonçalo do Amarante/CE |
25/5 | Iguatu/CE |
26/5 | Petrolina/PE |
28/5 | Irecê/BA |
29/5 | Janaúba/MG |
30/5 | Sete Lagoas/MG |
1/6 | Porto Real/RJ |
3/6 | São José dos Campos/SP |