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Lula fez comício em vez de dar explicações

Lula é conduzido coercitivamente a depor na Polícia Federal em São Paulo para esclarecer uma mínima parte de suas atribulações com a Justiça brasileira — mas já fez comício, em vez de dar explicações

Por Eurípedes Alcântara
Atualizado em 30 jul 2020, 21h12 - Publicado em 4 mar 2016, 21h21

Lula ama suas plateias. As plateias de Lula o amam. Mas isso não é suficiente para apagar as evidências de prática de crimes que levaram a Polícia Federal a escoltá-lo para depor, na sexta-­feira passada, em uma delegação do órgão instalada no Aeroporto de Congonhas. Como todo populista, Lula é um defensor do igualitarismo, desde que ele seja sempre mais igual do que os outros. Um suspeito da autoria de crimes pelos quais ele é investigado, em especial o delito de ter enriquecido com repasses de dinheiro desviado de uma estatal que pertence ao povo brasileiro, é levado por policiais a depor coercitivamente. Basta que as autoridades decidam assim. Ponto. Mas Lula se acha acima da lei. Ele se sentiu no direito de debochar da Justiça e dos agentes policiais. Fez um pronunciamento depois de depor durante três horas à Polícia Federal sobre as razões pelas quais recebeu 30 milhões de reais de empreiteiras pegas na Operação Lava-­Jato por usufruírem um esquema de corrupção na Petrobras.

Lula nada explicou. Nada disse que ajudasse os brasileiros a entender por que recebeu milhões de reais de empresas condenadas por esquemas de propina na Petrobras e de lobistas traficantes de medidas provisórias no seu governo. Fez-se de vítima e encenou o número de sempre diante de sua plateia. Enalteceu as próprias qualidades e magnificou seus feitos nos oito anos em que presidiu o Brasil. Feitos, aliás, que ninguém discute. Lula foi um governante de imensa sorte, presidindo um país cuja economia recebeu mais de 200 bilhões de dólares de recursos extras produzidos por exportações de minerais e grãos que tiveram preços recordes no período. Se no lugar de Lula tivesse sido eleito um “poste”, essa massa espetacular de recursos teria sido injetada na economia brasileira da mesma maneira. Mas ter sorte não é um elemento desprezível na vida privada nem na pública. O problema para Lula é que, no âmbito da Justiça e nas encrencas que claramente ele tem com a polícia, a sorte não conta muito.

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Foi louvável a tentativa de Lula de politizar os eventos de sexta-feira passada. Politizar é o instinto básico do ex-­presidente. Mas, como a sorte, esse atributo não ajuda muito Lula em suas atuais atribulações. Carlos Fernando Lima, um dos procuradores da Lava-­Jato, explicou o objetivo e a abrangência da Operação Aletheia (verdade, em uma tradução livre do grego). Disse ele: “Não temos nenhuma motivação política. A única consideração do Ministério Público é o legal versus o ilegal. Esta é apenas mais uma etapa da Operação Lava-Jato”. O procurador esclareceu que, ao levar Lula coercitivamente para depor – em vez de marcar uma hora para recebê-­lo na delegacia -, o MP quis evitar manifestações públicas de parte a parte. “Sabemos da polarização que existe no país e, para evitar maiores manifestações, procuramos fazer da maneira mais silenciosa possível.”

Com Policarpo Junior, Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Robson Bonin e Hugo Marques

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