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Lula diz que recebeu ‘tratamento vip’ quando foi preso na ditadura

Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, ex-presidente também falou de sua relação com o então diretor do Dops, Romeu Tuma

Por Da Redação
9 dez 2014, 14h47

A um dia da divulgação de seu relatório final, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) divulgou nesta terça-feira vídeo com o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista relembrou o período que permaneceu preso na sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em 1980, e a sua boa relação com o então diretor do órgão, Romeu Tuma, e outros comandantes do Exército. Lula disse que recebeu tratamento “vip” na cadeia, com direito a ver jogos do Corinthians pela televisão e algumas “escapadas” de madrugada para visitar a mãe, que na época sofria de câncer.

“Eu tive uma relação saudável com o Tuma. Ele me tratou dignamente, teve atitudes humanísticas. Eu lembro que o Corinthians ia disputar o título com o Botafogo, e ele levou uma televisão para a gente ver o jogo. Eu fui tratado [como se estivesse em] uma prisão vip”, disse o ex-presidente, que se reencontrou com o ex-delegado no Congresso quando assumiu a Presidência – na ocasião, Tuma era senador pelo extinto PFL. A entrevista foi concedida no Instituto Lula, na Zona Sul de São Paulo. Antes do petista, a Comissão Nacional da Verdade também ouviu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi exilado durante a ditadura militar.

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Na época da prisão, Lula era líder do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo e coordenava uma das maiores greves da categoria. Para a CNV, ele classificou o seu encarceramento como uma “burrice” dos militares, porque o episódio, segundo ele, só serviu para “politizar” e “fortalecer” o movimento sindical. “Os militares cometeram a burrice de me prender. O que aconteceu? Foi uma motivação a mais para a greve continuar. Se eles tivessem ficado quietos a greve ia terminar por si só”, afirmou. Também fez piada das vezes em que foi vigiado por agentes da Polícia Federal na porta da sua casa: “Às vezes para encher o saco a dona Marisa fazia café e ia lá mandar para eles”.

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Fazendo um balanço dos anos em que viveu sob o jugo da ditadura, Lula avaliou o período como “extraordinário” para a consolidação do que chamou de classe trabalhadora. Por fim, ele lembrou da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e reconheceu que até hoje não conseguiu implementar o que reivindicava na época, “a começar pelo imposto sindical”.

Sobre a boa relação que manteve com o Exército durante o seu primeiro mandato como presidente, Lula reproduziu um conselho dado a ele pelo ex-presidente espanhol Felipe Gonzalez durante um encontro no país europeu: “Sabe quanto tempo serve para formar um general? Quarenta anos. E o seu mandato é só de 4. Você vai ter que estabelecer uma relação com as Forças Armadas com o que tem aí. Não adianta você achar que o seu eleitor não é sabido. O seu eleitor é esse. Não adianta você achar que o Congresso não vale nada. O Congresso é esse. Você tem que lidar com o que você tem”, concluiu.

https://youtube.com/watch?v=Cvcv3RP1qCc%3Flist%3DUUERnA-dpopdYmzQUOpVG_8w

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