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“Justiça é condenar todos”, diz Gurgel sobre mensalão

Procurador-geral da República afirma que provas contra réus são contundentes

Por Da Redação
2 ago 2012, 08h57

Protagonista do primeiro dia do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse na quarta-feira que, para “ser feita a justiça”, o tribunal terá de condenar todos os réus do caso. “Creio que o Supremo fará justiça. E, na visão do Ministério Público, justiça é condenar todos”, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. Gurgel voltou a afirmar que as provas colhidas durante as investigações são “contundentes” e “falam por si”.

Infográfico: Entenda trâmites do julgamento e o que pesa contra cada réu

O procurador fará sua sustentação oral nesta quinta-feira após o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, apresentar uma síntese de três páginas do caso. Gurgel já traçou sua estratégia para a sessão. O ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-presidente do PT José Genoino e o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza serão seus principais alvos.

Nas cinco horas reservadas para a acusação, Gurgel pretende ressaltar a participação desse “núcleo político” e lembrará os principais fatos que comprovariam a existência da compra de votos no Congresso Nacional, estratagema que foi classificado pelo procurador como “o mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil”.

Assim como na denúncia, Dirceu será apontado na sustentação oral do procurador como o “chefe de uma quadrilha” do mensalão. Gurgel dirá que ele, no comando da Casa Civil a partir de janeiro de 2003, montou e gerenciou a compra de apoio de partidos políticos, esquema tornado viável pela prática de diversos crimes, como corrupção, lavagem de dinheiro, peculato e formação de quadrilha, evasão de divisas e gestão fraudulenta.

Integrante do núcleo político “original”, o ex-dirigente petista Silvio Pereira não será julgado pelo STF, pois fez um acordo com o Ministério Público e já cumpriu serviços comunitários para se livrar da acusação do crime de formação de quadrilha.

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“Como dirigentes máximos do Partido dos Trabalhadores, tanto do ponto de vista formal quanto material, os réus estabeleceram um engenhoso esquema de desvio de recursos de órgãos públicos e de empresas estatais, e de concessões de benefícios diretos ou indiretos a particulares em troca de ajuda financeira”, afirmou Gurgel em suas alegações finais. “O objetivo era negociar apoio político ao governo no Congresso Nacional, pagar dívidas pretéritas, custear gastos de campanha e outras despesas do PT”, acrescentou.

Segundo a denúncia, Marcos Valério operava o esquema via suas agências de publicidade, que recebiam dinheiro público e repassavam para parlamentares.

Desafio – Comprovar as manobras do “núcleo político” será o maior desafio do procurador-geral. Se não conseguir demonstrar que há provas suficientes para mostrar que José Dirceu comandou a compra de apoio no Congresso, os ministros do Supremo poderão absolvê-lo.

De acordo com um dos mais antigos ministros do tribunal, o procurador-geral da República precisa comprovar que parlamentares da base aliada receberam dinheiro para votar com o governo ou ao menos que tenham recebido a promessa.

Na sua acusação, o procurador detalhará também a atividade dos outros dois grupos citados na denúncia formal. O núcleo operacional, encabeçado pelo empresário Marcos Valério, é acusado de tornar viável a obtenção de recursos financeiros para garantir a compra de apoio parlamentar no Congresso.

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O terceiro grupo, chamado de núcleo financeiro, era composto por dirigentes do Banco Rural à época dos fatos. Para obter o dinheiro, segundo a denúncia, os dirigentes liberaram dinheiro para o esquema por meio de empréstimos que o Ministério Público classificou como “simulados”. O dinheiro era lavado e entregue aos destinatários finais.

As cinco horas a que tem direito hoje, afirmou Gurgel, “não serão suficientes” para esmiuçar e apontar todas as provas colhidas que, segundo ele, comprovariam a prática dos crimes. “O tempo, a rigor, não será suficiente para falar de tudo e de todos.”

No dia seguinte à acusação, os advogados dos réus, a começar pelo defensor de José Dirceu, farão suas sustentações orais. Serão cinco advogados por dia, tendo cada um o tempo de uma hora. O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, espera que o julgamento se encerre até o fim do mês. Outros ministros estimam que o julgamento seja concluído até o fim de setembro.

Leia no blog de Reinaldo Azevedo:

O Supremo Tribunal Federal começará a decidir hoje, caso não seja atropelado ou se deixe atropelar por alguma manobra, que cara pode ter o Brasil nos próximos cinco, dez, quinze, cinquenta anos… Se os ministros da Corte – sempre atentos às provas, claro!, mas cientes de que corruptos profissionais não costumam deixar ato de ofício – disserem ao país que são inaceitáveis os episódios reunidos sob o nome-fantasia “mensalão”, então temos futuro ao menos, desde que passemos a fazer as coisas certas. E só há uma maneira de eles dizerem isso: condenando os réus. Se, por outra, a maioria decidir inocentá-los, especialmente ao núcleo duro do escândalo (José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e Marcos Valério), então, meus queridos, será o caso de rezar. Porque a esse eventual resultado desastroso se seguirá um verdadeiro tsunami de imoralidades. Afinal, se aquelas são transgressões menores, que não merecem o peso de uma pena, então tudo é permitido entre o Oiapoque e o Chui.

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(Com Agência Estado)

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