Jovem que furtou ônibus no Rio diz que bebeu “dois chopes” e se recusa a prestar depoimento
Advogado recorre à justificativa da moda: o cliente "toma remédios controlados"
Alguém sóbrio que deflagra tamanho festival de desastres precisa ser mantido, no mínimo, em manicômio. No máximo, na cadeia – o que parece ser o caso
Para um estudante de Direito, Pedro Henrique Garcia de Souza Corrêa dos Santos, 24 anos, tem um desconhecimento preocupante da lei – e da vida, de forma geral. Pedro é o rapaz que apareceu transtornado nos telejornais desde domingo, depois de furtar um ônibus e cometer uma lista interminável de delitos. No trajeto entre a Barra da Tijuca e a zona sul, o estudante bateu em outros dois ônibus, dois táxis, dois carros de passeio e em uma viatura da Polícia Militar. O resultado da ‘brincadeira’: Antônio Manoel Horta Maia, de 67 anos, ficou gravemente ferido quando Pedro atingiu o carro dele com o ônibus. Maia está em estado grave, no Hospital Miguel Couto.
Nesta segunda, ele recusou-se a prestar depoimento, e será levado para a Polinter. O advogado de defesa do rapaz surgiu com uma versão – ainda não comprovada – de que ele tem problemas mentais e toma remédios controlados. É a justificativa da moda para os casos em que há mistura de drogas ou bebida e inconseqüência. Pelo histórico de Pedro, ele toma algo mais. A série de ilicitudes cometidas pelo rapaz compõe um currículo extenso de passagens pela polícia, com injúria, violação de domicílio, dano e porte de drogas. Detalhe: Pedro se recusou a fazer o teste de embriaguez, e no momento da detenção disse que tomou “uns dois chopes”.
Se o advogado sustentar a tese de que ele não estava bêbado, o caso ganhará ainda mais gravidade. Afinal, alguém sóbrio que deflagra tamanho festival de desastres precisa ser mantido, no mínimo, em manicômio. No máximo, na cadeia – o que parece ser o caso.
Vestido de policial, com calça camuflada e uma camiseta onde estava escrito ‘operações especiais’, Pedro, ao sair de uma festa, resolveu se divertir um pouco mais. Avistou um coletivo vazio no terminal da Alvorada, no ponto final, entrou, percebeu a chave na ignição e dirigiu da Barra da Tijuca até Botafogo. Depois de cada uma das sete colisões ele acelerava.
O estudante foi autuado por lesão corporal grave e leve, resistência, tentativa de homicídio e dano. “Eu estava fora de si (sic)”, justificou. Além dos problemas com a língua portuguesa, o jovem também mostrou dificuldades em estabelecer uma argumentação básica para o que fez. No domingo, o delegado adjunto da 12ª DP (Copacabana), Bruno Gilabert, informou que Pedro dizia que o advogado Nilo Batista e a presidente Dilma Rousseff iriam defendê-lo.