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Jornalista morto no Maranhão é enterrado

Executado a tiros, Décio Sá trabalhava em jornal da família Sarney e mantinha blog em que ressaltava feitos do governo de Roseana Sarney, filha do presidente do Senado, José Sarney. Blog será usado no inquérito policial

Por Thais Arbex
24 abr 2012, 18h46

O jornalista Décio Sá, assassinado na noite desta segunda-feira em um bar na Avenida Litorânea, em São Luís, Maranhão, foi enterrado às 17 horas no cemitério Jardim da Paz, na Estrada de São José de Ribamar. Ele foi executado com cinco tiros por volta das 23h30. Segundo a polícia, estava desacompanhado quando dois homens chegaram ao local em uma moto. Um deles entrou no estabelecimento e foi até o banheiro. Ao retornar, armado com uma pistola, disparou seis tiros. Cinco atingiram o jornalista e o último ficou no chão. A arma é de uso privativo da polícia.

Décio trabalhava na editoria de política do jornal O Estado do Maranhão, que pertence à família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e mantinha havia cinco anos um blog onde fazia críticas a políticos, principalmente os de oposição à família Sarney.

Em fevereiro, Décio afirmou que a oposição estava fazendo “um verdadeiro cavalo de batalha” em torno do processo de cassação da governadora Roseana Sarney, que tramita no Tribunal Regional Eleitoral do estado (TRE). “Tudo bobagem”, escreveu. No final de março, Décio Sá criticou um encontro na Assembleia Legislativa do estado para comemorar os noventa anos do PCdoB. Disse que a reunião não passava de “comunismo de araque”.

O jornalista também usava o blog para ressaltar os feitos do governo Roseana Sarney. No último dia 13, por exemplo, escreveu sobre a inauguração do Hospital Geral de Barreirinhas. No post – ilustrado com diversas fotos da governadora do Maranhão – Décio afirma que a obra custou R$ 6,5 milhões, pagos com “recursos exclusivamente do governo do estado”.

A polícia do Maranhão usará notícias publicadas no Blog do Décio para investigar a morte do jornalista. De acordo com informações do governo do estado, o crime foi “encomendado” e o blog é considerado pela polícia uma peça importante no inquérito. Uma das últimas reportagens publicadas pelo jornalista, horas antes do crime, é sobre o julgamento de pistoleiros da região acusados de matar, em 1997, o líder comunitário e sem-teto Miguel Pereira Araújo, conhecido como Miguelzinho.

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Na última semana, enquanto o presidente do Senado esteve internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, Décio publicou uma série de posts sobre a saúde de Sarney. Em um deles, afirmou ter conversado com o senador pelo telefone. “O presidente licenciado do Senado conversou com o blog por telefone. Disse estar bem e agradeceu aos maranhenses que estão orando por sua recuperação”, escreveu o jornalista em uma nota publicado na sexta-feira, 20.

Consciência – Na manhã desta terça-feira, poucas horas depois de ter recebido alta, Sarney divulgou nota cobrando a investigação da morte de Décio Sá. “Esse crime hediondo, brutal e cruel tem que ser desvendado para punir os culpados e despertar, cada vez mais, a consciência para a proteção e o respeito à liberdade de imprensa”, afirmou. “Seu assassinato, além de uma atrocidade, é um atentado à democracia”.

O Disque-Denúncia do Maranhão está oferecendo 100 000 reais por qualquer informação que ajude a polícia na investigação do assassinato de Décio Sá. O valor, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública, foi uma doação de dois empresários maranhenses, que pediram para manter o anonimato.

Décio, que tinha 42 anos, trabalhou no jornal O Imparcial e foi correspondente da Folha de S.Paulo. Trabalhava havia 17 anos no jornal Estado do Maranhão. O jornalista deixa uma filha de 8 anos e a mulher, grávida de dois meses.

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