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JMJ: A peregrinação, agora, é para receber da Igreja

Arquidiocese atrasa pagamentos de empresas que prestaram serviço à Jornada Mundial da Juventude. Igreja admite problemas para fechar contas do evento

Por Pâmela Oliveira e Cecília Ritto
10 ago 2013, 10h03

Encerrada a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a sede da Arquidiocese do Rio, na Glória, na Zona Sul da cidade, transformou-se em um ponto de peregrinação de cobradores. Proprietários de empresas dos mais diversos tipos – desde as especializadas na colocação de grades ao aluguel de telões – têm passado o dia em vigília no sétimo andar do edifício, à espera de pagamentos referentes ao evento. Alguns cogitam recorrer “ao papa” para ver a cor do dinheiro.

Proprietário da Recon Eventos, com sede em São Paulo, Reynaldo Porto chegou ao Rio na última segunda-feira e passou 14 horas na sede da Arquidiocese. No dia seguinte, foram mais seis horas de espera e insistência para receber parte da dívida pela montagem de 427 tendas de saúde e de alimentação no Campus Fidei, instalação de gradeamento em Guaratiba, na praia de Copacabana e no Forte de Copacabana, entre outros serviços contratados.

“A igreja, infelizmente, não está acostumada a realizar grandes eventos. Entreguei tudo o que foi contratado e não consigo receber por isso. Tenho uma série de compromissos e 220 funcionários que dependem dos salários. A igreja pagou uma parte, mas ainda deve mais de 850 mil que deveriam ter sido pagos no fim do mês passado”, explica Reynaldo, que assinou contratos de cerca de 3 milhões de reais com o Instituto Jornada Mundial da Juventude.

Na sede da Arquidiocese, segundo os empresários, voluntários e pessoas do departamento jurídico tentam explicar os atrasos. Eles alegam que devido à forte chuva, que obrigou a mudança da vigília e da missa de encerramentos de Guaratiba para Copacabana, a igreja precisou fazer gastos extras, que desequilibraram as contas.

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Procurada pelo site de VEJA, a assessoria de imprensa da JMJ admitiu, pela primeira vez, problemas de caixa para arcar com as despesas da JMJ – algo que vinha sendo especulado desde o planejamento do evento católico, mas veementemente negado pela Igreja. A assessoria informou que a transferência da vigília e da missa de encerramento para Copacabana “resultou na contratação de novos serviços e na renegociação de alguns contratos”. Devido à alteração, diz a nota, “foi necessário reestruturar o planejamento financeiro inicial”. Concluindo, a Igreja afirma que vai “honrar todos os compromissos”.

A justificativa para a falta de pagamentos deixou empresários indignados. Eles afirmam que, devido à mudança de local, também tiveram custos adicionais, como o pagamento de horas extras a funcionários que precisaram adaptar algumas estruturas já montadas em Guaratiba para Copacabana.

Guaratiba – A transferência dos eventos finais de Guaratiba para Copacabana também tem relação direta com os problemas de orçamento do evento. Desde o começo das obras do Campus Fidei, os funcionários que trabalhavam no local, inclusive os da Dream Factory – empresa contratada para organizar a JMJ – avisavam aos padres que visitavam as fazendas sobre um risco: uma chuva até três dias antes da chegada do público transformaria a área em um grande lamaçal, impossibilitando o uso como ponto de concentração de público. Por falta de dinheiro não foi possível colocar a quantidade de terra planejada.

A organização tinha previsto para despejar no Campus Fidei uma quantidade de terra que deveria ser transportada em um milhão de viagens de caminhões. Mas, com as obras já encaminhadas, houve um corte de verbas da Igreja, com graves consequências para o resultado final do nivelamento do solo. O número de viagens caiu pela metade e, como se viu, formaram-se bolsões d’água na chuva da semana da visita do papa.

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A chuva que motivou a decisão de cancelar a agenda no Campus Fidei foi a do dia 22 de julho. O terreno já tinha sido entregue pela Dream Factory à Igreja. No entanto, parte dos 22 lotes em que estava dividida a área não estava totalmente pronta. Cada lote tinha seu setor com banheiros, praça de alimentação e posto de saúde para atender a aproximadamente 50.000 peregrinos. Quanto mais distante do palco onde seria celebrada a missa, pior era a situação do alagamento.

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