Inundações avançam nas regiões norte e noroeste do Rio
Estado já tem pelo 22.800 desalojados. Secretário da Defesa Civil do estado sobrevoou cidades mais afetadas pelas águas que chegam de Minas
“Minas Gerais não tem controle de seus problemas ambientais e não comunicam o Rio de Janeiro a tempo de tentar contornar a catástrofe”, diz o coordenador de Defesa Civil do noroeste fluminense, coronel Douglas Júnior Paulich
Enquanto a Defesa Civil tenta conter o alagamento das cidades do Noroeste Fluminense, nesta quarta-feira a cheia do rio Paraíba do Sul inundou Campos dos Goytacazes, maior município da parte norte do Rio. A região já soma 22.800 desalojados e 1.783 desabrigados. O secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, deixou Nova Friburgo, na Região Serrana, rumo a Campos, onde desembarcou por volta das 15h30. Se o cenário parece melhorar na serra, a situação das cidades próximas a Minas Gerais está fora de controle. O governo do estado centrará seus esforços no norte e no noroeste a partir desta quarta. O secretário, após chegar a Campos, pousará de helicóptero em Santo Antônio de Pádua e depois sobrevoará Laje do Muriaé e Itaperuna. Essas são quatro de seis cidades mais alagadas do Rio. As outras duas são Italva e Cardoso Moreira.
Os seis municípios apresentam problemas de enxurrada, enchentes e deslizamentos. Na última década, essa sequência de acontecimentos tem tido uma frequência anual. De dezembro de 2008 a janeiro de 2009, quatro enchentes atingiram a região noroeste. Um dos motivos são as fortes chuvas de Minas Gerais, que impactam diretamente as cidades na divisa com o Rio de Janeiro. Campos dos Goytacazes, por exemplo, é afetado pela cheia do rio Paraíba do Sul, por onde deságuam os rios Muriaé e Pomba – cujas nascentes são em Minas.
“Minas Gerais não tem controle de seus problemas ambientais e não comunicam o Rio de Janeiro a tempo de tentar contornar a catástrofe”, diz o coordenador de Defesa Civil do noroeste fluminense, coronel Douglas Júnior Paulich. Os métodos para receber informações do estado vizinho acabam sendo os mais precários- e ineficientes. “Ficamos sabendo que o rio vai aumentar o seu nível por contatos pessoais que temos com Minas. Lá, é raridade pluviômetro e rede telemétrica”, explica Paulich.
O resultado da falta de prevenção e da dificuldade de atuação dos agentes quando toda a cidade surge alagada está nos números. Em Santo Antônio de Pádua são 12 mil os desalojados e há 1.200 desabrigados, em uma população de 40.500 habitantes. Até terça-feira à tarde, eram 300 as pessoas que tiveram de deixar suas casas na cidade. Em Itaperuna, são 5 mil os desalojados e 60 os desabrigados. Cardoso Moreira registra 447 e 80. Laje do Muriaé totaliza 2.500 desalojados e 100 desabrigados. Em Cambuci são 310 e 80 e, em Italva, os números são 500 desalojados e 90 desabrigados. Aperibé tem 1.800 desalojados e 60 desabrigados. Em Campos, o total de desalojados é de 243, enquanto há 113 desabrigados.
“A situação começou há dois dias e só piora. O nível do rio Muriaé subiu cinco metros até terça. Agora já chega a 6,20 metros. E a tendência é aumentar porque continua a chover na cabeceira”, explica o prefeito de Italva, Joelson Gomes Soares. Para os 14.063 habitantes da cidade, não são raras as enchentes. “O que deveria ser feito nos municípios daqui é ação preventiva, mas ela não é feita. Quando acontece alguma coisa, o governo envia colchões e cesta básica. Isso não adianta. É enxugar gelo”, argumenta o prefeito.
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