Índio morre em reintegração de posse em MS
Outros cinco ficaram feridos. Polícia Federal diz que indígenas resistiram à ação, autorizada pela Justiça; fazenda estava ocupada desde o dia 15
Uma operação de reintegração de posse de uma fazenda em Sidrolândia, a 60 quilômetros de Campo Grande (MS), acabou com um índio morto e pelo menos cinco feridos. A vítima, identificada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) como Osiel Gabriel, teria 35 anos e morreu por volta das 9h30 desta manhã atingido por tiros de arma de fogo. Oito policiais também ficaram feridos.
O corpo do índio morto foi levado para a aldeia e será sepultado nesta sexta-feira. Segundo os líderes da invasão, os policiais utilizaram munição normal, além de balas de borracha, durante a ação. O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), no entanto, negou o uso dessa munição. “A tropa que prestou apoio é a Cigcoe (Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais) especializada em atuar nessas condições, o que inclui a utilização dos equipamentos adequados para proteção do policial e o emprego de armas com munição unicamente do tipo elastômero (balas de borracha), não sendo utilizada pelos policiais armas de fogo nestas situações”, disse.
Segundo a Polícia Federal (PF) em Mato Grosso do Sul, a operação começou às 7h30 e envolveu agentes federais com o apoio da Polícia Militar. Segundo a assessoria de imprensa da PF, os indígenas, da tribo terena, reagiram à ação policial de forma violenta. Eles teriam incendiado o local e atirado pedras, paus e flechas sobre os agentes. Também há informação de que dispararam tiros contra os policiais. Ainda segundo a PF, também houve agentes feridos na ação.
Até o fim da tarde a situação permanecia tensa, mesmo com a presença da polícia, pois havia risco de os índios invadirem fazendas vizinhas – o que fizeram anteriormente, concentrando-se depois na fazenda Buriti, palco da operação policial desta quinta-feira. No fim do dia, os índios deixaram o local e voltaram para a Aldeia Córrego do Meio, também situada no município de Sidrolândia. Participaram da ação 250 PMs. O número de policiais federais não foi informado.
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No dia 20 houve a primeira tentativa de desocupar a área, mas a PF decidiu abortar a operação diante da resistência dos índios. A Justiça suspendeu a ordem de reintegração até que proprietários e índios realizassem reunião de conciliação. A reunião aconteceu nesta quarta-feira e, como não houve acordo, o juiz Ronaldo José da Silva, substituto da 1ª Vara Federal de Campo Grande, autorizou a desocupação da propriedade.
De propriedade do ex-deputado estadual Ricardo Bacha, a fazenda está ocupada pelos indígenas desde o último dia 15. A fazenda está dentro da Terra Indígena Buriti, declarada pelo Ministério da Justiça como de ocupação tradicional, em 2010.
Atualizado às 20h28
(Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)