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Incêndio na Luz destrói parte de patrimônio histórico de São Paulo

Especialistas ouvidos pelo site de VEJA afirmam que danos causados pelo fogo vão muito além do Museu da Língua Portuguesa

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 dez 2015, 18h52

O incêndio que atingiu o Museu da Língua Portuguesa na tarde desta segunda-feira, em São Paulo, destruiu não apenas o material que estava em exposição no local, mas também parte de um patrimônio histórico, a Estação da Luz. A estação foi construída pela São Paulo Railway e inaugurada em 1867, apenas com uma plataforma simples localizada ao lado da linha da estrada de ferro. A estrutura atual data de 1901 e foi um projeto dos engenheiros britânicos James Ford e Charles Henry Driver, inspirado na arquitetura inglesa – como se pode ver na estrutura alongada que lembra o Palácio de Westminster e a torre lateral similar à que abriga o Big Ben, em Londres.

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“A construção desse majestoso prédio da Estação da Luz foi um marco de São Paulo”, afirma Roberto Pompeu de Toledo, autor do livro A Capital da Solidão: Uma História de São Paulo das Origens a 1900 e colunista de VEJA. “A estação inaugurada no começo do século XX passou a ser um símbolo de como a cidade colonial, atrasada, na rabeira de outras capitais brasileiras, estava se preparando para ser o que viria a ser hoje. Ela surgiu em um momento de crescimento demográfico, econômico e de importância da cidade dentro do Brasil.”

De acordo com Eunice Helena Abascal, professora de História da Arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o prédio da Estação da Luz é o mais importante desse tipo de construção de arquitetura de cunho eclético importada da Inglaterra para São Paulo. “O incêndio destruiu, parcialmente, um importante patrimônio da cidade”, afirma, lembrando que a estação foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico (Condephaat), pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) e também pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A Estação da Luz já sofreu com um incêndio em 1946, quando teve grande parte de sua estrutura, incluindo a torre do relógio, consumida pelas chamas. O prédio foi reconstruído pelo governo e as obras foram terminadas em 1951, quando a estação foi reinaugurada, inclusive com um andar a mais, para tentar dar conta do aumento da demanda de passageiros. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), prometeu que vai reconstruir o museu.

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O museu – Leonel Kaz, que foi curador do Museu do Futebol e trabalhou na concepção do Museu do Amanhã, dois locais que trabalham com material interativo, assim como o Museu da Língua Portuguesa, reafirma o valor arquitetônico da Estação da Luz. “É realmente um símbolo para a época em que foi construída, tinha quase 150 anos. Copiava as grandes estações de trem da Europa, como a de Paris que abriga o Museu D’Orsay, a casa dos impressionistas.”

Kaz lembra que o Museu da Língua Portuguesa, inaugurado em 2006 e que ocupa uma área de 4 333 metros quadrados, distribuídos em três andares do prédio da Estação da Luz, tem como foco a interatividade e era formado por material que existia em arquivo, ou seja, não possuía acervo. “Havia um vasto material de pesquisas, imagens, fotografias, vídeos e sonoras, mas que, muito provavelmente, têm uma cópia de segurança. O museu foi concebido para aquele prédio, mas pode renascer em outro lugar.”

O curador de arte, no entanto, lamenta a destruição do museu. “Ainda assim, é dramático pois perdemos um lugar que inovou do ponto de vista da interatividade do visitante. Não era um museu pensado apenas para amantes da língua portuguesa, mas para todo mundo, todas as famílias. Ele reconstruía a história do Brasil a partir da nossa língua.”

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