Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Imagens mostram uso de maconha em câmpus da UnB

Festa organizada por estudantes de Biologia ocorreu dentro de prédio da universidade, a quatro quilômetros do Congresso. PM não apareceu no local

Por Gabriel Castro
Atualizado em 10 dez 2018, 11h20 - Publicado em 22 jun 2011, 17h58

Uma das instituições de ensino mais conceituadas do país, a Universidade de Brasília (UnB) tem se notabilizado por episódios pouco honrosos nos últimos tempos: irregularidades administrativas, trotes violentos e teses acadêmicas controversas – foi lá, por exemplo, que surgiu a teoria de que não é preciso diferenciar o certo do errado no ensino da Língua Portuguesa. Agora, imagens feitas pelo site de VEJA mostram como drogas são consumidas livremente no principal prédio da instituição – inclusive dentro de salas de aulas. Os flagrantes foram feitos em uma festa organizada por alunos da Biologia, no dia 17 de junho.

Cerca de 3.000 pessoas participaram do evento, que teve a apresentação de bandas de rock. Um breve passeio era suficiente para constatar a disseminação da droga no local. Jovens não se preocupavam em esconder a prática e preparavam cigarros de maconha na frente de todos. Grupos usavam salas de aula para dividir os entorpecentes. Tudo dentro do Instituto Central de Ciências (ICC), o prédio-símbolo da universidade.

A Polícia Militar não foi vista no mal iluminado câmpus Darcy Ribeiro, localizado a quatro quilômetros do Congresso Nacional. Em greve, agentes de segurança da universidade também não incomodaram os usuários. Dois porteiros do prédio pareciam cochilar. Não havia qualquer controle que impedisse a presença de menores de idade no local.

As festas da UnB atraem grandes públicos por vários motivos: a música ao vivo, a aglomeração de jovens, o amplo espaço livre, a entrada gratuita, a circulação livre de bebidas e as salas de aula à disposição. As cenas demonstram como, protegida em um território onde a presença da polícia ainda é restrita, a prática criminosa se alastrou dentro da universidade.

Continua após a publicidade

A despreocupação com que as drogas eram consumidas pode ser atribuída, em parte, ao mito de que a Polícia Militar não pode atuar dentro de universidades federais, o que é falso. Não há restrição legal quanto a isso. O que existe é uma tradição de que as universidades são territórios livres, o que gera resistência à entrada de agentes por parte da comunidade acadêmica. A Polícia Militar tem legitimidade para atuar nestes locais. Na UnB, por exemplo, os policiais fazem rondas com viaturas e a pé.

Ligado aos movimentos sociais, o reitor José Geraldo de Souza sempre adotou um discurso de cautela quanto à presença de policiais no câmpus. Hoje, a postura oficial da reitoria é de que as forças de segurança são bem-vindas e têm livre trânsito na instituição de ensino. Mas, informalmente, os policiais militares admitem que têm receio de abordar alunos da universidade em busca de drogas – o que facilita a circulação de entorpecentes.

Autorização – As festas de estudantes ocorrem a cada fim de semana e são feitas com autorização da prefeitura do câmpus. No caso em questão, o Decanato de Assuntos Comunitários diz ter permitido um evento pequeno, com cerca de 150 alunos, e que a venda de bebidas alcoólicas é vetada dentro dos prédios da universidade. Mais do que isso: o próprio consumo de álcool estava proibido pela instituição de ensino nessa festa. A venda, entretanto, era feita em salas de aula. Do lado de fora do prédio, ambulantes ofereciam cerveja, vodca e uísque.

Sobre as drogas, o decano Eduardo Raupp diz que a política da universidade prioriza a educação: “Uma norma de cima para baixo não resolve na cracolândia, não iria resolver no ambiente universitário”. Segundo ele, os seguranças são orientados a acionar a Polícia Militar quando constatam a presença de drogas no câmpus. Raupp admite que não se lembra de qualquer caso em que tenha havido algum flagrante do tipo dentro da UnB. Ainda de acordo com ele, o Centro Acadêmico de Biologia será interpelado para explicar as irregularidades flagradas pelo site de VEJA.

Continua após a publicidade

Ao site de VEJA, a PM informou que reforça o policiamento em eventos como a festa toda vez que há uma solicitação específica.”Somente nos casos em que não haja solicitação prévia ou em eventos contra-indicados pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do DF, os policiais não visitam estes locais. Circunstâncias como essas ocorrem quando a festividade não apresenta condições de segurança para sua realização ou quando fere o tempo previsto para encaminhamento de documentação”, afirmou a corporação.

De acordo com a Polícia Militar, o número de ocorrências relacionadas ao tráfico de drogas no local subiu este ano por causa do aumento de abordagens policiais e rondas. Foram cinco registros entre janeiro e abril de 2011. No ano passado não houve nenhum registro. Em 2009 foram três casos – o mesmo número que em 2008.

Lei – A legislação atual abrandou as punições a ususários de drogas. Eles já não podem ser presos: estão sujeitos apenas a assistir palestras sobre os malefícios da droga. Na prática, poucos policiais militares se dispõem a levar os envolvidos à delegacia, embora o porte de entorpecentes continue sendo crime.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.