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Igreja manifesta a candidatos do Rio preocupação com o crack

Dom Orani Tempesta tem recebido os postulantes ao Palácio da Cidade para conversas matinais. As principais preocupações são com a juventude e o combate às drogas

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 31 ago 2012, 12h16

“Acolhemos a todos com muita alegria, mas não indicamos ninguém. Não há candidato da Igreja”, afirma Dom Orani Tempesta

Política e religião não devem se misturar. Mas tal como em outros setores da sociedade, os líderes religiosos são vozes importantes para o diapasão dos candidatos. Antes mesmo do início da campanha, começou a fila rumo ao Sumaré, com pedidos de reunião com o arcebispo do Rio. Três aspirantes ao cargo de prefeito do Rio tentaram espaço na agenda de dom Orani Tempesta. A resposta foi para que aguardassem a chegada do período eleitoral. Assim que a eleição bateu à porta, a Igreja Católica convidou os candidatos para um encontro com dom Orani, que, mantendo neutralidade, vem promovendo cafés da manhã para conhecer as propostas de cada um deles. Entre os assuntos que mais preocupam a Igreja está o crack, alvo também de ações programadas para a Jornada Mundial da Juventude, que acontece em 2013.

Há três anos, tornou-se praxe do arcebispo do Rio chamar os postulantes ao executivo da cidade ou do estado para a conversa. Sempre deixando às claras: “Acolhemos a todos com muita alegria, mas não indicamos ninguém. Não há candidato da Igreja. Isso não passa pela nossa cabeça”, afirma dom Orani. Até o momento, Aspásia Camargo, do PV, Marcelo Freixo, do PSOL, e Rodrigo Maia, do DEM, conseguiram a prosa com o arcebispo. A duração dos encontros varia. Na quarta-feira, por exemplo, o de Maia tomou duas horas, das 7h30 às 9h30.

Dom Orani costuma escolher horários ainda no começo da manhã. “Tenho recebido e escutado cada um, com suas plataformas e questões. É uma conversa tranquila. Acho que temos de ouvir e colocar nossas opiniões. A participação política é uma coisa boa. Quem quer construir um mundo melhor ou uma cidade melhor tem que se interessar pela política. Cabe a nós também ajudar a pensar sobre isso”, afirma.

O crescimento do crack, e a dificuldade de combater o vício entre jovens e crianças, é no momento uma preocupação para dom Orani. As políticas para tratar e recuperar dependentes químicos estão entre os temas da Jornada Mundial da Juventude, megaevento que concentrará no Rio, no mínimo, 2 milhões de jovens católicos em julho de 2013. A jornada durará uma semana, terá a presença do papa Bento XVI por quatro dias e um público maior do que a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 juntas. O legado desejado pela Igreja é deixar um centro de tratamento para viciados em crack.

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“Aproveitei para falar sobre a minha proposta da Aliança pela Vida, que inclui a ajuda de instituições religiosas no cuidado aos jovens. A juventude está abandonada. A Jornada Mundial terá papel central para recuperar isso”, conta Maia, sobre a sua visita a dom Orani. Otávio Leite, do PSDB, irá em setembro ao arcebispo. O tucano integra a Pastoral dos Católicos na Política, grupo formado por deputados de vários partidos que se reúne a cada dois meses com lideranças religiosas para fazer a leitura da bíblia. “Muitas denominações religiosas fazem trabalhos silenciosos e eficazes na ressocialização de pessoas que se perderam nas drogas. A prefeitura tem que apoiar e ampliar com mais infraestrutura esse trabalho”, diz Otávio, com o discurso na ponta da língua para ser exposto a dom Orani.

Aspásia diz ser habitué na arquidiocese do Rio, mas não tinha tido, ainda, a chance de conversar mais profundamente com o arcebispo. As falas dos candidatos no que se refere ao papel da Igreja no zelo pelos jovens é uníssona. “Havia coisas que eu queria dizer a ele, que ele recebeu muito bem, sobre as ações sociais da Igreja. As lideranças religiosas são cuidadosas com a população carente, com crianças viciadas em drogas, meninos de rua”, diz Aspásia. “Ele concordou que situações extremas como as dos viciados em crack exigem sabedoria na aproximação e conhecimento do terreno. Não é qualquer burocrata que consegue se aproximar da criança e envolvê-la”, afirma, criticando a forma de internar compulsoriamente os adolescentes na cidade.

A candidata do PV à prefeitura conta ter recebido um afago do arcebispo. O desempenho de Aspásia nas pesquisas eleitorais é desanimador. No levantamento divulgado na quarta-feira pelo instituto Datafolha, ela apareceu com apenas 1% das intenções de voto. “Falamos de reforma política, ele insistiu que achava o meu papel importante nestas eleições para demarcar posição, introduzir na pauta os temas da sustentabilidade. E me disse para não me preocupar com pesquisas”, conta.

Freixo teve uma conversa com o arcebispo voltada para os direitos humanos. Gostou do que ouviu de dom Orani. “Ele se mostrou favorável ao meu entendimento sobre a internação compulsória (atualmente realizada pela prefeitura em relação às crianças e adolescentes), que pode ser necessária em alguns casos. Mas a forma de fazer isso hoje está completamente equivocada. A preocupação hoje é com a rua e não com o garoto”, afirma o candidato do PSOL.

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O atual prefeito Eduardo Paes, do PMDB, tem tido mais contato com o arcebispo pela necessidade de tratar de temas comuns, como a Jornada Mundial da Juventude. Na condição de candidato, também deve se juntar à romaria e ir a dom Orani em uma visita protocolar.

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