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Greve era inevitável. Negociação de fato começa agora

Manifestantes sabem que aumento proposto é inviável. Governo do estado passa a jogar, nesta sexta-feira, com a prisão do cabo Daciolo e com as antecipações de reajuste previstos para os próximos anos

Por João Marcello Erthal e Cecília Ritto
10 fev 2012, 06h36

Bombeiros, policiais civis e militares do Rio sabem desde o início que é nula a chance de se obter, de uma tacada só, o aumento agora reivindicado. Estabelecer o piso de 3.500 – ou um aumento de 60% nos salários mais baixos dos militares – não é algo que um gestor público ou privado faça com facilidade. Nem em curto prazo. Pelo outro lado, o governo do estado tem a exata noção de que a greve de agora tem como real objetivo o de nacionalizar o debate e usar o Rio de Janeiro, na sequência do protesto desastrado de Salvador, para envolver profissionais de segurança dos demais estados.

Na noite de quarta-feira, o governador Sérgio Cabral deu sinal verde para a base aliada fazer concessões e permitir a inclusão de emendas no projeto de lei que define reajustes para bombeiros e policiais. Na manhã desta quinta-feira, em 15 minutos o projeto foi aprovado, com uma pequena mudança: em vez dos aumentos escalonados até outubro de 2013, a última parcela do reajuste de 38,8% viria em fevereiro do mesmo ano.

Antecipar o reajuste escalonado tem sido a estratégia de concessão do governo do estado, que, originalmente, previa um aumento total de 107% até 2014. E é provável que este tipo de antecipação seja também a saída para o impasse agora instalado. A secretaria estadual de Planejamento informou que 122.640 pessoas serão beneficiadas pelo projeto, sendo 72.254 ativos, 32.133 aposentados e 18.253 pensionistas. O impacto no orçamento será de 1,046 bilhão de reais. Também haverá gasto de 75 milhões de reais pelas novas regras de encurtar as promoções dos militares e dos agentes.

Segundo a secretaria, entre policiais militares e bombeiros, as medidas vão atender de imediato 17.829 praças e suboficiais das duas corporações. Eles poderão antecipar suas promoções em até cinco anos. Em nota, o secretário de Planejamento, Sérgio Ruy, disse que o benefício se amplia à Polícia Civil. “Todos os 9.085 policiais de todas as carreiras serão beneficiados, com promoções mais rápidas e aumento no número de vagas nos escalões superiores da corporação”, informou. Na mesma nota, ele acrescenta que a despesa de pessoal na área de Segurança do Estado do Rio de Janeiro passou de 2,26 bilhões, em 2006, para R 3,5 bilhões, em 2012.

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Fazer todas as concessões antes da assembleia dos policiais e abater a greve seria uma estratégia tola: afinal, a rigor, a reivindicação dos 60% de aumento não seria de fato atendida. Portanto, a sexta-feira caminha para ser o dia do início e, possivelmente, também, da sinalização de um novo movimento do governador Sérgio Cabral e sua equipe.

Em uma negociação, é preciso ter o que perder. E, além do reajuste, o estado conseguiu, na noite de quarta-feira, ter uma reivindicação para atender: a libertação do cabo Benevoluto Daciolo, líder dos bombeiros, mantido no complexo de segurança de Bangu sob a acusação de incitar a greve. A libertação e a anistia a Daciolo passou a integrar a pauta de reivindicações. No ano passado, o Congresso Nacional anistiou Daciolo, depois que o cabo foi preso por comandar a greve da corporação que rendeu o primeiro grande desgaste ao governador Sérgio Cabral.

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