O governo do Maranhão encaminhou nesta segunda-feira à Procuradoria Geral da República um relatório sobre o sistema prisional no Estado. O documento lista providências tomadas para conter o clima de tensão nos presídios e acusa o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de agravar a crise no sistema penitenciário do Estado. Na última semana, o CNJ apontou uma série de irregularidades no complexo de Pedrinhas, onde 62 presos morreram desde o ano passado.
Os relatórios do governo e do CNJ serão avaliados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que estuda acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) por uma intervenção federal em Pedrinhas. Nos últimos três dias, a barbárie do presídio chegou às ruas de São Luís, que registrou ataques a ônibus e delegacias. Ana Clara Souza, de 6 anos, morreu após ter 95% do seu corpo queimado. Ela estava em um ônibus incendiado por criminosos em represália à presença da Polícia Militar para reforçar a segurança em Pedrinhas.
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Em nota, o governo maranhense afirmou que “não compactua com inverdades que foram levadas a público”, referindo-se ao relatório assinado pelo juiz Douglas Martins, auxiliar da presidência do CNJ, e acrescentou que as denúncias tiveram “o único objetivo de agravar ainda mais a situação nas unidades prisionais do Estado e numa clara tentativa de [sic] descredibilizar medidas que já haviam sido determinadas pelo governo”.
O governo estadual rebateu as denúncias de estupros no presídio e questionou a procedência de um vídeo anexado ao relatório, no qual um homem tem a perna dissecada. O governo nega que o homem fosse um detento de Pedrinhas. “Um vídeo anexado ao relatório do CNJ [foi] veiculado na internet há mais de dois anos, nos Estados Unidos, em sites pornográficos e até de pedofilia. O juiz quis fazer crer que se tratava de uma vítima de torturas de Predinhas. Fraude grosseira que contamina todo o relatório.”
Segundo o CNJ, presos foram torturados e assassinados por causa de brigas entre facções criminosas dentro do presídio. O CNJ ainda relatou que mulheres, irmãs e filhas de presos por crimes menores foram estupradas pelos chefes das facções. Segundo o governo, foram investidos 131 milhões de reais para construir novas unidades prisionais.
Outra crítica refere-se à declaração do magistrado, que disse ter sido impedido de acessar alguns pavilhões por ordem dos líderes das facções criminosas. O governo disse que o juiz “foi aconselhado por pessoas da direção do presídio a voltar em outro momento, para não constranger os familiares, já que a vistoria ocorria em horário de visita ao presídio no período de Natal”.
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A Secretaria de Segurança Pública do Estado informou que prendeu dezoito suspeitos de participarem da onda de ataques a ônibus e delegacias no final da semana passada.
Vítimas – Segundo a Agência Brasil, quatro feridos dos ataques a ônibus seguem internados em hospitais de São Luís. Entre eles está a mãe e a irmã da menina Ana Clara. O caso mais grave é o de Márcio Ronny da Cruz Nunes, de 37 anos, que teve 72% do corpo queimado. De acordo com testemunhas, ele se feriu quando tentava retirar as pessoas de um ônibus incendiado por criminosos.
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