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Fernando Henrique Cardoso, o resgate do líder tucano

Após oito anos de esquecimento e três derrotas, PSDB recorre a ex-presidente

Por Carolina Freitas
17 abr 2011, 09h17

“O PSDB não foi capaz de desenvolver estratégias corretas de comunicação”, Sérgio Guerra, presidente nacional do partido

Fernando Henrique Cardoso está de volta. Não veio fazer campanha eleitoral ou mediar conflitos partidários. Ainda assim, seu ressurgimento refletirá na organização do PSDB para as eleições de 2014 e pode inspirar os tucanos a se preocuparem um pouco mais com propostas para o desenvolvimento do Brasil. FHC retoma a palavra em um PSDB cindido e calejado após três derrotas seguidas nas urnas. O retorno dele à cena pública vem sendo articulado desde a derrota de José Serra nas eleições do ano passado. A ex-ministros com quem costuma se reunir, deu o recado: não permitiria mais omissão em relação ao seu governo. Na campanha, Serra falou mais de Luiz Inácio Lula da Silva do que de Fernando Henrique. A mística criada em torno da popularidade de Lula amedrontava os opositores. Foi assim também na campanha de Geraldo Alckmin, em 2006. Hoje, os tucanos admitem o erro, apesar de o associarem a uma mera falha de marketing. “Não posso agora reavaliar as estratégias de campanha, mas hoje não há mais dúvida sobre a importância da participação de Fernando Hernique”, afirma o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, que coordenou a campanha de Serra em 2010. “O PSDB não foi capaz de desenvolver estratégias corretas de comunicação.” O historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de São Carlos, relaciona o resgate de FHC ao desempenho dos tucanos nas urnas após o governo dele. “As sucessivas derrotas do PSDB recolocaram Fernando Henrique no primeiro plano do partido. Se Serra tivesse ganhado, FHC estaria na prateleira.” Chacoalhada – Renegado durante as eleições, o ex-presidente começou 2011 sendo elogiado diante de uma plateia de 3.000 pessoas no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, na posse de Geraldo Alckmin. O governador lembrou os feitos econômicos do governo FHC. “Vamos deixar a modéstia de lado. O presidente Fernando Henrique mudou o Brasil”, disse Alckmin. Em 2006, o mesmo Alckmin posou para fotógrafos vestindo boné e jaqueta cobertos de logotipos de empresas públicas, para rebater as acusações de Lula de que seria privatista. As privatizações tiveram impulso no governo Fernando Henrique e resultaram em eficiência e popularização de serviços. “Alckmin deveria ter tirado um celular do bolso e dito aos eleitores que eles também tinham o aparelho graças à privatização da telefonia feita por Fernando Henrique”, analisa o sociólogo Humberto Dantas, doutor em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo. A virada de FHC se deu em fevereiro, no primeiro programa partidário do PSDB após a derrota de 2010, apresentado por ele. De microfone em punho, Fernando Henrique sentenciou: “É preciso dar uma chacoalhada nos partidos, começando pelo meu, pelo PSDB.” E, por meio de um artigo acadêmico, o líder tucano fincou os dois pés no cenário político na última semana. Recomendou à oposição preocupar-se mais com a classe média e reclamou, com todas as letras, do descaso dos colegas de partido em relação ao seu legado de oito anos de governo. “O patrimônio deixado por Fernando Henrique ao Brasil não foi defendido como deveria”, admite o senador pelo PSDB Álvaro Dias. Para o sociólogo e ex-deputado federal pelo partido Arnaldo Madeira, os tucanos não compreendiam o legado de FHC. “Ele fez um grande governo mas nunca teve nas campanhas quem o defendesse. Nem durante o governo FHC houve uma defesa convicta das ações dele por parte do partido.” Vazio – O reingresso de Fernando Henrique no debate público será sacramentado em junho, durante as comemorações dos 80 anos de idade do ex-presidente. Integrantes do Instituto FHC preparam um seminário internacional para homenagear Fernando Henrique. A data marcará ainda o lançamento de uma rede social na internet para a discussão de soluções para o Brasil. O partido anunciou, neste mês, a criação do Prêmio Fernando Henrique, voltado para gestores que adotem as melhores práticas na administração de seus municípios. “O PSDB tem um vazio que, pela absoluta ausência de lideranças, está sendo ocupado por Fernando Henrique”, diz Marco Antonio Villa. “Ele não pode sair da política se ninguém assumir essa discussão programática.” Para o historiador, os tucanos perderam-se em disputas internas entre o grupo de José Serra e o grupo de Aécio Neves. “As campanhas ficaram centralizadas em projetos pessoais. Foi um erro não ter feito uma discussão real de propostas nos anos anteriores. FHC traz de volta essa inspiração.” Antes tarde do que nunca.

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