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“Falo todos os dias no ouvidinho dela”, diz pai de vítima internada

Vítima do incêndio na boate Kiss, Jéssica Duarte da Rosa segue internada em Porto Alegre. O namorado dela, Bruno Portella Fricks, morreu neste domingo

Por Luís Bulcão, de Santa Maria
3 fev 2013, 18h28

Jéssica Duarte da Rosa, de 20 anos, está cursando o quarto semestre de administração na Universidade Federal de Santa Maria, mas quer mudar para engenharia química. Por isso, terá que trancar o curso e fazer novamente o vestibular. Conta com 100% do apoio do pai, Cláudio Forgiarini. “Falo todo os dias no ouvidinho dela. Digo tudo aquilo que eu não disse quando tive a oportunidade. Ela é uma filha exemplar, abençoada e que só me deu orgulho até hoje”, afirma Forgiani. Internada no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, a jovem – vítima do incêndio ocorrido há uma semana na boate Kiss, em Santa Maria – está em estado grave, porém estável. “Enquanto estiver estável, a gente tem que torcer. Fé e esperança a gente tem bastante”, afirma o pai.

Além das queimaduras que atingiram de 25% a 30% do seu corpo e da intoxicação ocasionada pela inalação de fumaça, Jéssica terá que superar a perda do namorado, Bruno Portella Fricks, de 22 anos. Ela e Bruno completaram cinco anos de namoro no dia 2 de fevereiro, justamente o dia em que ele não resistiu aos ferimentos do incêndio e morreu no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, tornando-se a 237ª vítima da tragédia.

“Para mim, já era um filho. O filho e o genro que todo o pai sonharia em ter”, disse Forgiarini, que fez questão de ir ao velório de Bruno, realizado na tarde deste domingo, no Cemitério Santa Rita, em Santa Maria.

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Bruno – Além de Jéssica, Bruno deixa Brenda, sua irmã, de 12 anos, e os pais, Rosane Portella Fricks e José Diamantino Fricks. Ainda emocionada no velório, Tânia Pires Fricks, 59 anos, lembra que o sobrinho adorava festas. Estava sempre reunindo os amigos e familiares, mesmo os que, como ela, moravam em outras cidades. A tia também revela: quando criança, Bruno fazia muita arte. Não daquelas de pintar quadros ou fazer esculturas. Era bagunceiro mesmo, do tipo irrequieto, que agita o tempo inteiro, que dá trabalho, mas que enche o ambiente de alegria. “Muita arte. Bah! Ia para Julio de Castilhos com a gente e ‘fervia’. Que coisa séria! Era impossível”, lembra.

O primo de Bruno, Luan Fricks, de 24 anos, lembra que o jovem era animado. Ele conta que o futebol era seu esporte predileto. “Era mais esforçado do que bom de bola, mas a gente sempre jogava”. Bruno também deixava o papel de churrasqueiro para o pai, José Diamantino Fricks. “Mas para comer ele era o melhor”, lembra Luan.

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Bruno se formou em administração de empresas pela UFSM, no dia 24 de agosto de 2012. Como se podia esperar dele, deu uma festa memorável para celebrar. Logo ao se formar, deixou o emprego na gerência do Hotel Humberto e assumiu uma vaga na ALL – América Latina Logística, empresa que trabalha com transporte ferroviário em Santa Maria.

Desde pequeno, Bruno acompanhava o pai nos jogos do Grêmio. Às vezes, viajavam para ver o time jogar. Os familiares contam que o dia mais esperançoso da luta do jovem contra os ferimentos foi justamente quando o seu time do coração conquistou uma vaga na Libertadores de 2013, ao derrotar a LDU nos pênaltis. “Tinha um jeitinho que ele fazia com o rosto quando estava feliz. A gente acha que ele fez isso quando contamos do Grêmio, na quinta-feira pela manhã. Mas à noite ele voltou a piorar.”

Bruno será enterrado nesta segunda-feira, no cemitério Santa Rita, em Santa Maria.

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