Ex-diretor da BR arrecadava propina para deputados e senadores, diz Cerveró
Ex-diretor internacional da Petrobras relata acerto que permitiu pagamentos ao atual secretário de Transportes de Haddad, Jilmar Tatto, além de Collor, Delcídio, André Vargas e Vaccarezza
O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, delator da Operação Lava Jato, disse aos investigadores que políticos participaram, em uma reunião no ano de 2010, de um “acerto geral” para a partilha de propina na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras e um dos braços de distribuição de dinheiro sujo a agentes públicos e políticos. Segundo a delação de Cerveró, entre os beneficiários do esquema estavam os senadores Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e Delcídio do Amaral (suspenso do PT), o ex-líder do governo Dilma, Candido Vaccarezza, e o atual secretário municipal de Transportes da prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto (PT).
Na versão apresentada por Cerveró aos investigadores da Lava Jato, o então diretor de Mercado Consumidor da BR Distribuidora, Andurte de Barros Duarte Filho, que deveria tratar de grandes consumidores de combustível, arrecadaria propina à bancada do PT na Câmara dos Deputados. Em seus depoimentos, o ex-diretor citou nominalmente os beneficiários preferenciais de propina entre os deputados petistas: Candido Vaccarezza (SP), Vander Loubet (MS), José Mentor (PT), o ex-1º vice-presidente da Câmara e hoje cassado André Vargas (PR) e Tatto (SP), que hoje é secretário do prefeito Fernando Haddad e na época era líder dos petistas na Câmara.
Às autoridades, Cerveró não conseguiu precisar em quais contratos da BR Distribuidora haveria pagamento de propina nem os valores que cada parlamentar teria recebido. Ele disse acreditar, no entanto, que na diretoria de Mercado Consumidor não havia a atuação de um operador financeiro para recolher dinheiro sujo.
Questionado sobre o conteúdo da delação de Cerveró, o deputado José Mentor desmente o delator, alega não conhecê-lo e diz não ter “conhecimento de qualquer reunião sobre o assunto” nem “ciência de qualquer propina da BR Distribuidora”. Vander Loubet disse que só vai falar quando tiver acesso à delação do ex-diretor da Petrobras. Já Tatto alega que “não tomou conhecimento do citado encontro e não recebeu nenhum tipo de recurso da BR Distribuidora”. Vacarezza não foi localizado pela reportagem.