Entrega de casas emperra e gasto de Haddad com bolsa-aluguel sobe 44%
Pago a famílias desabrigadas, benefício é quase permanente e já consumiu 111 milhões de reais dos cofres municipais, segundo jornal
Enquanto a entrega de moradias populares pela prefeitura de São Paulo patina, os gastos com o bolsa-aluguel pago a desabrigados aumentaram 44% sob a gestão Fernando Haddad, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira. Segundo a reportagem, o benefício, concedido atualmente a cerca de 30.000 famílias, se tornou quase permanente, uma vez que as obras de habitação estão paradas. O programa também é alvo de reclamações quanto a atrasos, cortes sem justificativa e pagamentos a quem não precisa.
O bolsa-aluguel é concedido a famílias retiradas de áreas com risco de enchentes e desabamentos ou que ficaram desabrigadas devido à realização de obras públicas ou incêndios. Para deixar de receber a bolsa, a família precisa, na maioria dos casos, ganhar as chaves de uma moradia popular – o que não vem ocorrendo. Quando assumiu a prefeitura, Haddad prometeu 55.000 casas, mas só entregou 8.072 até agora.
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Cada família recebe 400 reais mensais, o que já consumiu 111 milhões de reais dos cofres públicos no total. Com esse montante, seria possível construir 3.000 casas populares. Segundo especialistas e integrantes de movimentos sociais que falaram ao jornal, o fato de o benefício temporário ter se tornado permanente para muitos acabou inflacionando o aluguel em algumas áreas da periferia da cidade, sem tirá-los, no entanto, de moradias precárias.
O ritmo de dependência do programa segue a tendência que teve início durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD). Entre 2010 e 2012, o benefício cresceu 108%, em valores corrigidos. Atualmente, ele consome 16% da verba municipal destinada à habitação, comprometendo novos investimentos. Só nos últimos cinco anos, foram gastos quase 500 milhões de reais com o bolsa-aluguel, também em valores atuais.
A gestão Fernando Haddad disse que aguarda verba do governo federal para as construções de moradias para poder enxugar a lista do bolsa-aluguel. O secretário municipal da Habitação, José Floriano de Azevedo Marques, disse à Folha que já há terrenos suficientes e projetos que atendam às 30.000 famílias beneficiadas pelo programa e mais de 500 milhões de reais foram investidos na compra de terrenos. Sobre os pagamentos, a prefeitura admite que houve atrasos, mas diz que agora as contas estão em dia. Já em relação às moradias cobradas pelos moradores de Heliópolis, a gestão Haddad informa que pretende desapropriar um terreno da Petrobras e que espera laudos da Cetesb e análise da Caixa Econômica Federal.
(Da redação)