Emissários do governo tentam convencer oposição
Nelson Barbosa e Luiz Sérgio falaram a deputados do DEM e do PSDB. O efeito deve ser nulo: bancadas continuam defendendo mínimo acima de 545 reais
O esforço do Executivo para aprovar um salário mínimo de 545 reais incluiu, nesta terça-feira uma visita de emissários do governo para tentar convencer a oposição a aprovar o valor defendido pelo governo. Nelson Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, e Luiz Sérgio, ministro das Relações Institucionais, falaram a deputados do DEM e do PSDB.
Barbosa afirmou que o governo tem aplicado uma polícia eficiente de valorização do salário mínimo. Sérgio pediu respeito à fórmula acordada com as centrais sindicais: um reajuste com base na inflação do ano anterior e no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Na tarde desta terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, também comparecerá ao Congresso para defender a aprovação do mínimo de 545 reais.
A oposição nunca foi tão assediada: na reunião do DEM, além da presença de Luiz Sérgio e Nelson Barbosa, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), deixou o encontro da própria bancada para cumprimentar ACM Neto, líder do DEM, com um abraço. No esforço final pela aprovação do mínimo, vale tudo.
DEM – Apesar da visita de Barbosa e Sérgio, os resultados práticos do esforço do Executivo junto à oposição devem ser nulos. O líder do DEM na Câmara, ACM Neto, conta com votos da base governista para aprovar o mínimo de 560 reais defendido por sua bancada. De acordo com ele, parlamentares do PV, do PSDB e do PDT já se comprometeram a votar com o DEM. Mas, para o parlamentar, um reforço será ainda mais providencial: o de governistas insatisfeitos com o mínimo de 545 reais defendido pelo governo.”A base vai rachar”, diz.
Enquanto isso, o PSDB insiste no mínimo de 600 reais.Os parlamentares do partido pedem um corte de 10% nos gastos não-obrigatórios do Orçamento. Durante a reunião desta terça-feira, o líder da bancada, Duarte Nogueira (PSDB-SP), apresentou um estudo que acusa o governo de maquiar os dados da arrecadação para impedir a aprovação de um salário mínimo maior.