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Em 20 minutos, Bope apreende cinco vezes mais dinheiro do que em 10 anos

Parte da quantia, porém, já foi devolvida. Denúncia de desvio de dinheiro motivou operação na sede da tropa de elite fluminense

Por Leslie Leitão 12 jul 2015, 12h21

No final da manhã da última quarta-feira, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) fez duas significativas apreensões de dinheiro em pontos diferentes do Complexo da Maré, num intervalo de apenas 20 minutos. Por volta das 11h40, no Morro do Timbau, dois agentes apreenderam 30.000 reais em espécie de um homem suspeito de ser gerente do tráfico na favela, e que teria tentado corrompê-los com a quantia. Em seguida, ao meio dia, na favela Nova Holanda, outra dupla da tropa de elite da PM fluminense encontrou 9.400 reais dentro da casa de um mototaxista. Todo o dinheiro foi levado para a delegacia, fazendo deste 8 de julho de 2015 um dia histórico na corporação. O montante somado nestas ações equivale a cinco vezes mais dinheiro do que o Bope apreendeu nos últimos dez anos no Rio de Janeiro.

Um levantamento feito pelo site de VEJA em registros de ocorrências feitos pelos policiais do Bope revela que, desde 2005, houve apenas dez apreensões de dinheiro em espécie, totalizando a quantia de 7 295 reais. O curioso é que quase metade desta quantia (exatos 3.590 reais) foi encontrada no dia 26 de dezembro de 2011, próximo à sede do batalhão, em Laranjeiras, na Zona Sul. Um rapaz havia acabado de sair do Morro do Pereirão quando foi abordado pelos policiais na Rua Pereira da Silva. Ele explicou aos agentes que estava levando o dinheiro para ‘pagar o arrego’ (propina) de policiais do 2º BPM (Botafogo), responsável pelo patrulhamento da região. O caso foi registrado na 13ª DP (Copacabana).

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Sinal de alerta no Bope

O histórico de apreensões de dinheiro da tropa de elite traz ainda uma história curiosa, em 4 de agosto de 2013. No Morro da Cachoeirinha, no Complexo do Lins, Zona Norte da cidade, os policiais suspeitaram de um rapaz que usava um relógio de grife. Levado para dentro de casa, ele tinha 800 reais em espécie e alegou que tinha ganhado o dinheiro em um trabalho como pedreiro. A versão não colou, e o dinheiro e o relógio importado foram apreendidos. Há casos também de apreensões pequenas, de valores como 35 reais – de um rapaz que tinha ainda seis sacolés de cocaína e dois de maconha, no Morro de São Carlos, no Estácio.

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Em outros dois casos que chamam a atenção, policiais do Bope são acusados por moradores de favelas de levar o dinheiro de suas economias. Na Rocinha, em 2010, uma família diz que cinco homens da unidade entraram na sua casa e levaram 900 reais. Em 2012, no Morro do Chapadão, na Pavuna, outra moradora diz ter chagado em casa e se deparado com um capitão da tropa de elite lá dentro. Depois, percebeu que 100 reais haviam desaparecido. Os dois casos, até hoje, não foram investigados.

Há também uma tentativa de suborno de policiais do Bope, como a que houve na Maré. Foi em 2004, na Ilha do Governador, quando um suspeito com 47 sacolés de cocaína fez uma proposta de 10.000 reais aos agentes por sua liberdade. O dinheiro, porém, não chegou a ser entregue, e o homem foi preso.

Na última semana, uma série de reportagens de VEJA revelou um vasto histórico de desvios de conduta, ocorridos entre 2008 e 2015, que ligaram o sinal de alerta para os problemas na tropa de elite da polícia. Na manhã de quinta-feira, a Corregedoria da PM fez uma devassa dentro do batalhão, em virtude de denúncias de desvio de dinheiro. Em 22 de junho passado, no Morro da Covanca, na Zona Oeste da cidade, uma ação das forças de elite resultou num duro golpe nas finanças da facção Comando Vermelho. Tonéis de dinheiro do tráfico desapareceram e as informações obtidas pelos órgãos de inteligência da polícia fluminense indicam um derrame que pode ter chegado a 15 milhões de reais. Dois majores, um capitão, um cabo e dois soldados estão sendo investigados.

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Do montante apreendido na Maré, parte acabou devolvida. Os 9.400 que estavam em poder do mototaxista foram devolvidos ao dono. O delegado Thiago Martins da Silva, da 21ªDP (Bonsucesso), que apreciou o caso, entendeu que “possuir em sua residência 9.400 reais, por si só, não pode ser considerado ilícito algum”.

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