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Eleições: o que está em jogo para PT e PSDB no 2º turno

Partidos que polarizam a disputa presidencial há quase duas décadas tentam ganhar terreno em grandes cidades com eleições ainda indefinidas

Por Jean-Philip Struck
14 out 2012, 18h04

Em seis casos, PT e PSDB travarão confrontos diretos: São Paulo, João Pessoa (PB), Rio Branco (AC), Guarulhos (SP), Pelotas (RS) e Taubaté (SP)

Há quase duas décadas protagonizando a disputa pela Presidência da República, PT e PSDB travam neste mês um novo embate para ganhar o eleitorado nas capitais ainda em jogo e nas principais zonas metropolitanas com disputas no segundo turno.

Das 83 cidades brasileiras com mais de 200.000 habitantes (36,5% do eleitorado brasileiro), 50 delas escolherão seus prefeitos no próximo dia 28 – sendo 17 capitais. Isso significa que 22,5% dos votos do país (31,6 milhões de eleitores) ainda estão em aberto. É justamente nesse tabuleiro que tucanos e petistas projetam suas forças para consolidar eleitorado com vistas a 2014, quando os brasileiros elegerão presidente e governadores.

Os números mostram que os dois partidos têm boas chances de ampliar terreno. O PSDB até agora conquistou 693 prefeituras e ainda concorre em 17 das mais importantes. O PT ganhou em 628 municípios no primeiro turno e disputa em 22 na segunda fase das eleições. O PMDB, campeão de prefeituras neste ano, com 1.025, está no páreo em 16.

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No centro desse embate, as duas siglas duelam pela maior cidade do país. José Serra, do PSDB, largou na frente no primeiro turno, com 30,75% dos votos válidos, e Fernando Haddad (PT), obteve 28,98%. A eleição paulistana entrou para a história como a mais acirrada: a diferença entre os dois candidatos foi de pouco mais de 100.000 votos num universo de 8,5 milhões de eleitores. Outro detalhe importante deve ser considerado: um em cada três paulistanos (1,5 milhão de votos) não foi às urnas no último domingo e mais de 12% do eleitorado não votou em ninguém (brancos e nulos).

Nesse conjunto das 83 cidades com maior densidade eleitoral, o PT venceu em oito no primeiro turno e administrará 3,6 milhões de eleitores. O PSDB faturou seis, com 2 milhões de eleitores. As duas siglas, entretanto, conquistaram apenas uma capital cada: os petistas ganharam em Goiânia (GO), que tem pouco peso eleitoral, e os tucanos em Maceió (AL), que apesar do pouco eleitorado, é estratégica para o partido ganhar musculatura no Nordeste do país.

“A vitória nessas cidades pode servir para mostrar que o partido está no jogo. No caso do PSDB, pode mostrar que ele continua forte mesmo fora do governo federal”, diz o cientista político Rui Tavares Maluf, professor da Fundação Escola de Sociologia de São Paulo. Ele afirma, entretanto, que as eleições municipais têm peculiaridades regionais. “Na disputa municipal, o eleitor costuma mesmo é olhar para o candidato, e não para o partido. Com exceção de São Paulo, é difícil relacionar os resultados que os partidos conseguiram com um projeto nacional.”

50 cidades vão ter segundo turno

• Estão em jogo 31.681.739 de eleitores

(22,5% do eleitorado do país)

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Duelos entre os principais partidos nessas 50 cidades:

PT X PSDB: 6 (São Paulo, Rio Branco, Taubaté, Guarulhos, João Pessoa e Pelotas)

PT X PMDB: 4 (Mauá, Petrópolis, Juiz de Fora e Vitória da Conquista)

PSDB X PMDB: 2 (Sorocaba e Campina Grande)

Nas 83 cidades + 2 capitais sem segundo turno (Boa Vista e Palmas):

50.820.523 milhões de eleitores (36% do eleitorado do país)

PT ganhou em 8 no primeiro turno e disputa em 22

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PSDB ganhou em 6 no primeiro turno e disputa 17

PMDB ganhou em 4 no primeiro turno e disputa 16

Choque direto – Em seis casos, PT e PSDB travarão confrontos diretos no dia 28, um universo de 10 milhões de votos: São Paulo, João Pessoa (PB), Rio Branco (AC), Guarulhos (SP), Pelotas (RS) e Taubaté (SP). Em duas delas – Guarulhos e João Pessoa -, o PT terminou o primeiro turno com mais votos do que os tucanos, mas nas demais a vantagem é do PSDB.

Guarulhos é administrada há quase 12 anos pelo PT, e a reeleição do prefeito Sebastião Almeida era dada como certa, mas o tucano Carlos Roberto conseguiu levar o confronto para o segundo turno. Em Rio Branco, o tucano Tião Bocalom conseguiu forçar um segundo turno com o petista Marcus Alexandre, que é apoiado pelos irmãos Tião Viana (governador) e Jorge Viana (senador). O PT controla Rio Branco desde 2005. Nas duas cidades, uma derrota petista teria peso enorme.

O PSDB também enfrenta o PT em Taubaté para tentar recuperar a influência no Vale do Paraíba. Os tucanos sofreram um duro golpe ao perder para o PT no primeiro turno a prefeitura de São José dos Campos (SP), que era governada há 16 anos pelo partido, e por isso a eleição em Taubaté ganhou ainda mais importância para a legenda. Os tucanos fizeram 173 prefeitos no estado de São Paulo, maior número entre os partidos, o que reforça a base política do governador Geraldo Alckmin (PSDB). A parceria entre a administração municipal e o governo paulista é o principal trunfo dos candidatos tucanos no estado neste segundo turno.

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“Sempre tivemos dificuldade na implantação de um projeto do PT em diferentes polos do estado de São Paulo, já que o PSDB sempre foi mais forte, mas desta vez vamos tentar equilibrar as coisas porque isso tem implicações para o governo e para a Presidência em 2014”, afirma o presidente estadual do PT, Edinho Silva.

O PSDB também tenta conter ofensivas em redutos tradicionais, como Campina Grande (PB), do senador e ex-governador Cássio Cunha Lima. Lá, o oponente é do PMDB.

PT – Em Salvador, o PT enfrenta outra batalha difícil, desta vez com o DEM (Democratas), sigla que desidratou sensivelmente neste ano – elegeu 275 prefeitos, ante 495 há quatro anos – e hoje concentra todas as forças para tentar eleger o deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto. O adversário é o petista Nelson Pelegrino. No primeiro turno, a diferença entre os dois candidatos na capital baiana foi de pouco mais de 5.000 votos.

O PT pressiona para que a presidente Dilma Rousseff, que no primeiro turno só participou da campanha em São Paulo e Belo Horizonte, atue diretamente para tentar eleger Pelegrino. Os argumentos usados pelo partido são simples: o DEM é hoje o mais ferrenho opositor ao seu governo no Congresso, e Salvador é o quarto maior colégio eleitoral entre as capitais, zona estratégica no Nordeste para ela tentar a reeleição daqui a dois anos.

Outro embate crucial para os petistas será com o PSB em Fortaleza. Uma vitória na capital cearense é vista como contrapeso à humilhante derrota sofrida pelo partido para o PSB em Recife (PE) e Belo Horizonte (MG). Além disso, administrar a cidade poderia minimizar a força do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), potencial adversário da sigla na próxima eleição presidencial, no Nordeste. O PSB saltou de 308 prefeituras para 433, no maior crescimento proporcional (40%) entre as siglas.

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Em Mauá, na região metropolitana de São Paulo, o PT enfrenta um complicado embate com o PMDB, que ganhou implicações nacionais. Em troca do apoio de Gabriel Chalita (PMDB) a Fernando Haddad (PT), os petistas fecharam um acordo nos bastidores para esfriar a candidatura de Donisete Braga, que enfrenta Vanessa Damo (PMDB). O ex-presidente Lula, por exemplo, não subirá no palanque de Braga.

PMDB – Em vários municípios, o projeto do PMDB também envolve ampliar terreno em cidades metropolitanas. Em Santa Catarina, o senador Luiz Henrique da Silveira tenta emplacar os prefeitos de Florianópolis e Joinville. Em Natal (RN), a candidatura de Hermano Moraes é costurada pelo líder do PMDB na Câmara dos Deputados, o deputado Henrique Eduardo Alves.

O vice-presidente da República, Michel Temer, tem se empenhado pessoalmente para tentar alavancar seus candidatos, inclusive, viajando pelo país em horário de expediente, como na última quinta-feira, quando deixou Brasília para negociar o apoio do partido a Haddad em São Paulo.

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