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‘Dilma e Cunha estão num pau de sebo’, diz Heráclito Fortes

Deputado e ex-senador antilulista é um dos nomes cogitados nos corredores da Câmara para suceder Eduardo Cunha

Por Felipe Frazão 6 nov 2015, 20h13

O deputado piauiense Heráclito Fortes, ex-Arena e PFL, voltou à Câmara como neossocialista e chega ao fim do ano cotado para suceder na presidência da Casa o peemedebista Eduardo Cunha (RJ), cujo futuro começa a ser traçado nas próximas semanas no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Entre os nomes cogitados, como o de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) e Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE), o de Heráclito tem a simpatia de alguns petistas. Em sua sexta passagem pela Câmara, agora no PSB, Heráclito afirma que o Palácio do Planalto melhorou a interlocução com parlamentares, mas diz que tanto a presidente Dilma Rousseff quando Cunha lutam para não cair: ‘Os dois estão num pau de sebo’.

Seu nome surgiu como um possível sucessor de Cunha na presidência da Câmara. O senhor já foi procurado? Tem um boato simpático de algum amigo, mas esse é um processo que demora no mínimo oito meses. Alguém brincou com isso, eu não. Acho que lançamento de candidatura agora é superprecipitado. Claro que fico feliz de ter sido lembrado por alguém, porque estou voltando e ainda não tenho nem um ano de volta na Casa. São as amizades, o comportamento, minha postura. Mas não sei como foi. Da minha parte não tem nada. Você viu que quando saiu a notícia de que o [Leonardo] Picciani seria candidato, ele [Cunha] disse: ‘Só se for em 2017’.

O senhor não teve conversas com nenhum deputado? Não.

O senhor não desponta por causa de sua experiência num ano de tantas mudanças no Parlamento? Eu preciso entender primeiro porque colocaram meu nome. Tenho que ser consultado, não existe candidatura individual. Eu por exemplo jamais seria candidato contra o Jarbas [Vasconcellos]. Ele é meu amigo de uma vida inteira e amizade vale mais do que qualquer outra coisa. Ele também é falado. Eu sento quase todo dia ao lado dele, e ele nunca me falou que é candidato.

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O senhor acha que o Eduardo Cunha deve se afastar da presidência? Isso é uma decisão muito pessoal. O Eduardo é um homem de estilo brigão. As manifestações dele são todas no sentido de que vai até o fim. Não é assunto para ser discutido agora não. A renúncia é unilateral, solitária.

Pelo que já foi confirmado pela PGR, pelo conjunto de provas, ele possui chance de se manter com mandato? Até ele mesmo disse outro dia, acabaram com a Operação Lava Jato e passou para a Operação Lava Cunha. Praticamente exclusivo na questão dele. Evidentemente que existem fatos que precisam ser apurados. Agora tem a versão de que é a conta de uma empresa, um negócio de carne enlatada. Não dá para entender direito não. Ele só pode ter uma carta na manga. Mas não tenho intimidade com ele. Admirei a maneira como ele assumiu tentando mudar o perfil da Câmara, passamos a ter uma pauta própria. Convivi com vários presidentes da Casa, homens fortes como Luiz Eduardo [Magalhães] e do Michel [Temer], mas todos se elegeram atrelados ao Palácio, ele foi contra o governo e fez a casa andar. Mas paciência. Esse lado dele da determinação é positivo, agora esse outro não. É uma coisa muito chocante a gente ver de repente o outro lado das pessoas.

O senhor se surpreendeu com o fato de ele ter dado uma versão na CPI diferente do que diz o Ministério Público? Essa coisa precisa ter clareza, ele precisa se explicar.

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O senhor acha que ele poderia conduzir e sustentar moralmente a abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma? Eu acho que os dois estão num pau de sebo, tanto ele como ela. Agora, são velocidades diferentes. Porque a pressão da rua não vem pela saída dele, vem pela saída dela. Isso é produto do desastre econômico do governo, da descrença que o governo impõe à sociedade, do estelionato eleitoral cometido. E o mais grave é que quando o dinheiro do brasileiro acaba antes do dia 30, aí ele se incomoda. Essa juventude nossa não sabe o que é inflação, mas de repente ela pode voltar.

O senhor acha que já existe base para evolução do processo de impeachment de Dilma ou deve-se aguardar a decisão em relação ao relatório do TCU? Base jurídica já tem, agora é um processo político. No governo FHC, o PT propôs o impeachment umas três vezes, mas não tinha base. O simples fato de o [Aloizio] Mercadante ter saído da Casa Civil foi um alívio. O governo começou a conversar. Político gosta de conversa e não tinha diálogo com o Palácio do Planalto. Agora passou a ter.

O senhor faz um elogio ao Jaques Wagner? Não. Qualquer pessoa que fosse para ali isso seria notado. Eu fui colega de mesa dele por dois anos. Ele é bom de conversa, está ouvindo. Agora, ele está cometendo o mesmo erro de outros que é criar uma expectativa fisiológica muito grande para deputados e senadores. E que ele não vai conseguir cumprir. Fisiologismo é como coceira, você não pode mexer. Ele não vai conseguir atender essa demanda em relação ao governo.

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