Delegado que criticou mulheres policiais será substituído – por uma mulher
Pedro Paulo Pontes Pinho menosprezou funcionárias de sua equipe. No lugar, entra Monique Vidal, que inspirou a atriz Giovanna Antonelli em 'Salve Jorge'
Certos comentários não deveriam nunca ser externados por pessoas públicas. Muito menos nas redes sociais. Não são raros os exemplos de posts que se tornam verdadeiras armas contra quem os publicou. O último traído pelas próprias palavras foi o delegado Pedro Paulo Pontes Pinho, do Rio de Janeiro. Nesta segunda-feira, o titular da 9ª DP (Catete) criticou em seu Twitter parte de sua equipe de funcionárias, dando a entender que, para ele, as mulheres não têm a mesma aptidão que os homens para o trabalho policial. O comentário foi mal recebido pela chefia de polícia, sob responsabilidade de uma mulher, Martha Rocha. E Pinho foi deposto do cargo. Para seu lugar – que ironia – entra uma mulher: delegada Monique Vidal, lotada até então na 13ª DP (Ipanema).
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“Ao tomar conhecimento das declarações do delegado Pedro Paulo Pontes Pinho no Twitter identificado como Polícia e Poesia – @Delegado_Pinho, e considerando que o delegado tem dificuldades em gerir os recursos humanos que lhe são disponíveis, a Chefe de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Martha Rocha, decidiu designar a delegada Monique Vidal para ser a nova titular da 9ª DP (Catete)”, explica a nota oficial divulgada pela Polícia Civil.
“Monique Vidal foi escolhida pessoalmente pela Chefe de Polícia Civil considerando sua trajetória como mulher policial”, destaca o texto, que elogia o trabalho da delegada que já foi titular em cinco órgãos e inspirou o papel de Giovanna Antonelli na novela Salve Jorge. Martha Rocha ainda determinou que a Corregedoria Interna de Polícia Civil (Coinpol) examine os posts de Pinho no Twitter durante o horário de trabalho.
Twitter – Em uma série de posts infelizes, Pinho afirma que das 14 mulheres que possui em sua equipe, “uma apenas, reúne talento, coragem e disposição pra encarar a atividade policial”. E emendou: “E essa uma, entre 14, jovem ainda, não tem nenhum homem que a supere. A mulher quando é boa no que faz ninguém supera, mas o contrário…”
O delegado ainda foi além, criticando o funcionalismo público e a forma de selecionar os servidores. “O modelo de ‘concurso público’ baseado na capacidade intelectual está longe de ser o ideal pra preenchermos as vagas no serviço público”, escreveu o delegado.
Quando os comentários começaram a repercutir na rede, ele tentou se retratar. “A vocação para uma determinada profissão independe do sexo. Comentei, inclusive, sobre alguns homens policiais que não a têm para a Polícia”, escreveu, sem perder a oportunidade de elogiar a chefe de polícia: “A Polícia Civil RJ é chefiada por uma mulher cujo brilhantismo da carreira é ímpar!” Já era tarde demais.
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