Cunha é acusado de ter mentido de novo na CPI da Petrobras
Psol e Clarissa Garotinho enviam ao Conselho de Ética relato de Fernando Baiano que contradiz Cunha sobre reuniões na casa do parlamentar no Rio
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar recebeu nesta terça-feira novas denúncias que acusam o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de ter mentido mais uma vez quando depôs na CPI da Petrobras.
Em março do ano passado, Cunha disse aos parlamentares da CPI que nunca se reuniu com Fernando Soares, o Baiano, apontado como o operador de propinas para o PMDB, em sua residência, no Rio de Janeiro. Em depoimento aos investigadores da Operação Lava Jato, porém, Baiano não só afirmou que esteve várias vezes na casa de Cunha, como descreveu a residência do parlamentar na Barra da Tijuca.
O Psol e a deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ), ambos opositores declarados de Cunha, encaminharam duas petições ao Conselho de Ética para que as evidências de uma segunda mentira sejam anexadas ao processo 1/2015, ainda em fase de análise no colegiado.
Na primeira representação contra Cunha, a Rede Sustentabilidade e o Psol acusaram o presidente da Câmara de ter quebrado o decoro ao dizer na CPI que não possuía contas não declaradas em seu imposto de renda – o Ministério Público da Suíça encaminhou ao Ministério Público Federal provas de que Cunha é o titular de recursos mantidos no exterior e que seriam propina do esquema criminoso revelado pela Operação Lava Jato.
Agora, o Psol e Clarissa Garotinho encaminharam ao conselho a informação, revelada pelo jornal Folha de S. Paulo, de que Cunha indicou a dois empresários da Carioca Engenharia cinco novas contas secretas para pagamentos no exterior. Ele teria recebido nessas contas 3,9 milhões de dólares, entre 2011 e 2014, conforme o jornal.
O Psol também pediu que a Procuradoria-Geral da República compartilhe com o Conselho de Ética o inquérito sigiloso em que Cunha é acusado de ter indicado essas cinco contas no exterior para receber propina dos empreiteiros.
O relator do caso, deputado Marcos Rogério (PSD-RO), afirmou que ainda vai avaliar os novos fatos relatados ao conselho pelo Psol e por Clarissa Garotinho para saber em que fase do processo eles podem ser incorporados.