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CPI convoca Pagot, Cavendish e Paulo Preto

Comissão Parlamentar de Inquérito também deu aval a depoimento de prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), e da ex-mulher de Cachoeira, Andréa Aprígio

Por Laryssa Borges e Gabriel Castro
5 jul 2012, 11h12

Às vésperas de interromper os trabalhos por conta do recesso parlamentar, a CPI do Cachoeira fez nesta quinta-feira um aceno político e conseguiu aprovar, em bloco, a convocação de personagens-chave para as investigações sobre a extensão do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. A comissão de inquérito aprovou em conjunto os 11 requerimentos que pediam a presença do ex-controlador da construtora Delta, Fernando Cavendish, e os oito requerimentos de convocação do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot.

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Amigo do governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), Cavendish é suspeito, entre outros pontos, de utilizar a empreiteira para repasses, por meio de empresas-laranjas, ao esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira em troca de benefícios em obras. Embora a tendência seja de que Cavendish permaneça em silêncio em um futuro depoimento, ele ameaça, conforme revelou VEJA, levar à tona detalhes de uma prática recorrente de empreiteiras: para dificultar o rastreamento de propina, as companhias repassam recursos a laranjas que, por sua vez, os destinam à autoridade corrompida.

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Em trecho captado pelos grampos da Polícia Federal, Cavendish indica que tem subornado políticos para conseguir o controle de obras. “Se colocar 30 milhões na mão de político, ganha negócio”, diz o empresário na interceptação telefônica.

Também está nas mãos dele uma lista de empresas-laranja que serviriam ao esquema da Delta e das demais empreiteiras. Essas companhias, que atuam nas áreas de engenharia e terraplanagem, têm como real proprietário o empresário Adir Assad. Nesta quinta, a CPI também aprovou seis requerimentos para a oitiva da Assad.

O laranjal em que a Delta está inserida – VEJA mostrou que a empreiteira repassou 115 milhões de reais a empresas de fachada – também pode ser detalhado na CPI do Cachoeira pelo ex-diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot. Apontado como homem-bomba do governo, ele diz estar à disposição da CPI para revelar a atuação da construtora Delta e as relações promíscuas da empreiteira com agentes públicos. Pagot diz que verbas públicas foram utilizadas como caixa dois de campanhas políticas e que recursos foram desviados da obra do Rodoanel, em São Paulo, para a campanha do tucano José Serra à Presidência da República em 2010 e de Geraldo Alckmin ao governo paulista no mesmo ano.

Palmas – Na reunião administrativa desta quinta-feira, a CPI do Cachoeira também aprovou quatro requerimentos para a oitiva do prefeito de Palmas, Raul Filho (PT). O petista foi flagrado negociando “oportunidades” ao contraventor Carlinhos Cachoeira em troca de doações para a campanha política de 2004.

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Um convite ao juiz Paulo Moreira Lima, que deixou as investigações sobre o esquema Cachoeira após ameaças, e a convocação da ex-mulher do bicheiro, Andréa Aprígio, também foram aprovados. Não há data para nenhum dos depoimentos.

Paulo Preto – No pacote aprovado em bloco pela CPI, está ainda a convocação de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto. Ex-presidente da Dersa, empresa que administra as obras rodoviárias no estado de São Paulo, ele é ligado ao PSDB. Segundo Pagot, Paulo Preto pressionou pela liberação de recursos do Dnit para obras do Rodoanel em São Paulo. Parte dos recursos seria usada para abastecer um suposto caixa dois de campanha. A pressão teria ocorrido em 2009.

Os tucanos protestaram contra a ausência, na lista, de um requerimento de convocação de José De Filippi, tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2010. Na mesma entrevista em que acusa Paulo Preto, Pagot afirma que, a pedido de Filippi, passou o chapéu entre empreiteiras que tinham contrato com o Dnit. O objetivo seria encher os cofres da campanha petista à Presidência. “Não concordamos que a CPI adote dois pesos e duas medidas”, protestou o senador Alvaro Dias. O relator da CPI, deputado Odair Cunha, defendeu-se: “Não há denúncia de nenhuma prática de delito contra José De Filippi”.

Em seguida, a CPI votou em separado um pedido de convocação de Filippi. O requerimento foi rejeitado por 17 a 10. A comissão também derrubou um pedido de convocação dos sócios da Sigma Engenharia, José Augusto Quintella Freire e Romênio Marcellino. A companhia foi adquirida pela Delta em 2008.

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