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Em Aparecida, comida caseira para o papa da humildade

Cozinheira baiana que conviveu 20 dias com o então cardeal Jorge Mario Bergoglio guarda fotos e espera reencontrar o amigo durante a JMJ 2013

Por Macedo Rodrigues, de Aparecida do Norte
8 Maio 2013, 17h38

Cozinhar para um papa é honra que os mais renomados chefs almejam, mas raríssimos conseguiram. Por isso, na terça-feira, quando foi anunciado que o papa Francisco almoçará no dia 24 de julho no Seminário de Bom Jesus, em Aparecida Norte, interior de São Paulo, a cidade começou a se perguntar quem seria o eleito para fazer a refeição papal, se trariam alguém renomado ou seria um cozinheiro local o escolhido. O que pouca gente sabe é que uma baiana de Juazeiro, moradora de Aparecida, já serviu o atual pontífice por 20 dias consecutivos, fazendo não só seu almoço, como também o café da manhã e o jantar. Ana Angélica Silva Santos, de 55 anos, cozinheira de formação caseira e há apenas nove anos na profissão, é a responsável pela cozinha do Hotel Marge, que recebeu como hóspede, em maio de 2007, o então cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, bem antes de ele adotar Francisco como nome. Naquela oportunidade, ele esteve em Aparecida para participar da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe.

“Ele fazia todas as refeições aqui. E posso assegurar que é uma pessoa extremamente humilde. Sempre ia à cozinha para nos agradecer a refeição, a ponto de ficarmos amigos”, lembra Ana. Ela conta ainda que, ao se despedir, ele sempre pedia que rezasse por ele. “Eu ficava sem entender nada, afinal, quem sou eu para rezar por um homem religioso como aquele? Eu é quem deveria pedir pra ele rezar por mim.” A simpatia foi tamanha que Ana sentiu-se à vontade para pedir ao cardeal um agrado: que ele tirasse fotos ao seu lado. Desde então, ela guarda cópias dos retratos dos dois, sorridentes, lado a lado, como grandes amigos.

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Ana disse que, assim como muitos que conviveram com Bergoglio, não imaginava que ele retornaria à cidade como sumo pontífice. Ela se lembra do dia em que foi avistada a fumaça branca no Vaticano. “Estava em casa e o pessoal começou a me ligar dizendo que meu amigo cardeal tinha sido o escolhido. Eu custei para acreditar”, conta.

Nas fotos de Ana, observa-se que o papa Francisco estava bem mais magro em 2007. Segundo ela, as refeições do pontífice eram frugais. “Ele comia aqui no bufê. Comia o que estava disponível: arroz, feijão, massas e carnes, mas comia pouquinho. Quando o vi na TV, já como papa, notei que ele estava mais fortinho”, compara.

Como boa parte da cidade, Ana agora vive a expectativa de rever Francisco, torcendo para que ele celebre uma missa campal para uma multidão estimada em 400.000 pessoas, e não uma cerimônia mais reservada, dentro da área interna do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, como estaria inclinado a fazer o papa, conforme revelou o arcebispo de Aparecida e presidente da Conferência Nacional de Bispos do Brasil, dom Raymundo Damasceno, na terça-feira. “Se ele fizer a missa em um local aberto, não perco por nada. Vai ser uma emoção revê-lo como papa”.

No hotel, o quarto 108 ocupado pelo agora papa Francisco tem uma placa onde se lê seu nome – “Bergoglio SJ, Jorge” – e a identificação, em espanhol – “Arzobispo de Buenos Aires – Cardenal”. Os funcionários do hotel explicam que os 40 quartos ocupados pelos cardeais receberam cada um o nome de seus ocupantes durante a Conferência de 2007, todos cardeais. Mas que não pensam em alterar a placa do quarto do arcebispo de Buenos Aires para incluir os dizeres “papa Francisco”. “Do jeito que está, fica mais fidedigno ao tempo em que ele nos deu a honra de aqui se hospedar”, explica uma funcionária. Na frente do hotel, porém, há uma faixa mais elucidativa e singela: “Agradecemos por ter hospedado o papa Francisco. Permanecemos em oração, como é o seu desejo.”

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O quarto, apesar de o hotel ter três estrelas, é de uma simplicidade franciscana se comparado aos aposentos papais, e sequer goza da vista para o Santuário de Aparecida, como os apartamentos de fundo do hotel. Mas a cozinheira Ana explica que foi uma escolha dele. “Além de humilde e simples, ele preza a tranquilidade, o sossego.”

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