Dom Odilo cresceu em cidade no interior do Paraná
Arcebispo de São Paulo cresceu em Toledo, no oeste do estado. Hoje, a cidade vive expectativa com a possibilidade de o cardeal brasileiro suceder Bento XVI
“Da nossa diocese já saíram bispos, cardeais e arcebispos. Só falta um papa”. A frase do prefeito Beto Lunitti retrata a ansiedade que vive a cidade paranaense de Toledo, localizada a 540 quilômetros da capital Curitiba, quase na fronteira com o Paraguai. O prefeito se refere a dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, apontado como um dos cardeais com chances de se tornar o novo líder da Igreja Católica no conclave que começará nesta terça-feira.
Filho de Edwino Scherer e Francisca Wilma Steffens Scherer, dom Odilo nasceu no município gaúcho de Cerro Largo, em 1949, mas a família mudou-se para Dois Irmãos, no distrito de Toledo, quando ele tinha apenas dois anos. Foi ali que dom Odilo, sétimo de uma família de 13 irmãos, cresceu, iniciou seus estudos e ingressou na religião, construindo boa parte do seu legado.
Fundada em 1946 por colonos gaúchos, Toledo foi colonizada por descendentes de alemães e italianos, embora os resquícios da cultura germânica sejam predominantes. Da atividade agrícola inicial, passando pelo fortalecimento da pecuária, a cidade é hoje a nona maior economia do estado, com população estimada em 120.000 habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e o com um dos melhores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do estado.
Pequena, a cidade vive um só clima. Nas esquinas, nos bares, no comércio e até mesmo no gabinete do prefeito o assunto predileto nas discussões é a possibilidade de dom Odilo ser escolhido o novo papa. “Ele teve uma importância vital para o desenvolvimento não apenas de Toledo, mas também da região oeste do estado. Além de propagar os valores religiosos, ele ajudou a consolidar o ensino univesitário na região com a antiga Facetol, que posteriormente se tornou Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná)”, diz Beto Lunitti. Dom Odilo atuou como professor em diversas instituições de ensino e contribuiu com a formação de jovens seminaristas.
Nas ruas, o nome do arcebispo é lembrado como referência educacional. “A dedicação dele aos estudos incentivou sociedade local. Seu exemplo tornou-se muito forte para todos nós”, diz a professora Maraísa Reis.
Dois Irmãos – Já no distrito de Dois Irmãos, localizado a cerca de 30 quilômetros do centro de Toledo, e onde Odilo foi criado, o sentimento de orgulho paira entre os moradores. “Não há como explicar o que estamos vivenciando. Tomara que ele consiga chegar lá, estamos todos rezando para isso”, diz o agricultor Nedir Haubenthal. Há também quem manifeste certa preocupação: “Se ele se tornar papa, acho que perderemos um pouco o contato com ele”, afirma a camareira Maria das Dores. “Mas tudo bem. Estou rezando para que tudo dê certo desde o dia que ele embarcou para o Vaticano.”
O conclave no Vaticano começará nesta terça-feira. Cotado para suceder Bento XVI, Dom Odilo estará entre os 115 cardeais presentes. Em meio à expectativa pelo desfecho, o prefeito Beto Lunitti afirma que a trajetória de dom Odilo já um legado para a cidade. “Só o fato de ele ter se tornado cardeal e hoje estar em Roma participando de todo este processo já é extremamente gratificante para o município”, diz.
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