Carro da PM que transportou Amarildo circulou pela cidade depois do desaparecimento
Polícia Civil descobre, por GPS embutido no rádio da viatura, o percurso na noite em que o pedreiro desapareceu, depois de ser levado até a sede da UPP da Rocinha
A viatura da Polícia Militar que levou o pedreiro Amarildo de Souza até a sede da UPP da Rocinha, no último dia 14, fez um longo passeio por áreas da Zona Norte, do Centro e da Zona Sul do Rio de Janeiro. O percurso foi feito depois de Amarildo ter sido visto dentro do carro da polícia. Apesar de o GPS do veículo estar desligado no momento da abordagem policial, um outro equipamento semelhante, instalado no rádio do carro, registrou o percurso. Os dados foram apresentados na edição da noite desta quarta-feira do Jornal Nacional, da Rede Globo.
Confira o mapa
Amarildo foi retirado de casa, na Rocinha (ícone azul), por agentes da UPP. Naquela noite de 14 de julho, a viatura deixou a favela em direção ao Centro e às zonas Norte e Sul do Rio.
(Estácio
- Batalhão de Policiamento de Choque (Estácio)
- Hospital da PM (Estácio)
- 23º BPM (Leblon)
De acordo com a reportagem exibida pelo telejornal, Amarildo foi levado do posto da PM para a sede da UPP, no alto da favela da Rocinha, às 19h22. O carro vai até a sede da unidade, retorna ao posto e, em seguida, cruza a cidade, indo até a Zona Portuária. Em seguida, passa por pontos da Zona Norte, vai ao Batalhão de Choque para abastecer, dá algumas voltas pela cidade e passa pelo 23º BPM (Leblon).
Protesto no Palácio Guanabara termina em tumulto
De acordo com o Jornal Nacional, um dos policiais que transportaram Amarildo omitiu, em seu depoimento, trechos da viagem – não houve, no entanto contradições, apesar da falta de informações detalhadas sobre o trajeto.
O desaparecimento de Amarildo é, no momento, um dos motivos dos protestos que se espalharam pelo Rio e outros estados – em São Paulo o grito “Cadê Amarildo?” já é repetido nas manifestações. Nesta quarta-feira, moradores da Rocinha fizeram um protesto na Auto-Estrada Lagoa-Barra para lembrar um mês do desaparecimento.
A Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil trabalha com dois caminhos para a investigação: Amarildo teria sido assassinado por PMs ou por traficantes. Uma gravação em poder da Polícia Civil mostra um diálogo em que um traficante diz que teria matado um homem chamado de “Boi” – um dos apelidos de Amarildo na favela. O bandido – cujo nome verdadeiro é desconhecido – teria como objetivo incriminar um policial militar.
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