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Carlos Lupi cai, mas o modelo de loteamento deve ficar

Aliados e oposicionistas estão céticos quanto à possibilidade de mudança no perfil da equipe ministerial. Reforma não romperia modelo de aparelhamento

Por Gabriel Castro
5 dez 2011, 11h06

A anunciada reforma ministerial poderia ser um indicativo de que Dilma Rousseff vai, ao fim do primeiro ano, dar uma cara própria à equipe, constituída até o momento por uns poucos ministros escolhidos diretamente por ela, muitos indicados por partidos aliados e alguns sobreviventes do governo Lula. Mas a possibilidade de uma mudança de perfil parece pequena. E os próprios aliados dizem isso.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), faz questão de aplacar a expectativa. “Nunca ouvi a presidente falar de reforma ministerial”, diz ele. Além disso, de acordo com Vaccarezza, não faz sentido esperar uma mudança de perfil na equipe se a própria presidente é uma herança do governo anterior: “Ela mesma foi uma indicação do Lula”, afirma, ao negar a possibilidade de uma ruptura com o modelo de indicação de ministros. O petista diz que, na montagem da equipe, não há diferenças entre o governo anterior e o atual: “Quem decidiu pela continuidade foi o próprio eleitor”, argumenta.

O deputado Ronaldo Caiado (GO), vice-líder do DEM na Câmara, também acredita que não haverá guinada alguma no perfil do governo, mas por razões diferentes. Na avaliação dele, a presidente está amarrada pelas alianças partidárias que garantem a sustentação política no Congresso. Para o tucano, a reforma trará novos nomes, mas não reduzirá os desvios. “Teremos uma substituição de práticas não-republicanas”, avalia. “Os ministérios continuarão sendo usados como feudos de alguns partidos para bancar as campanhas eleitorais”.

Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), a presidente é refém das alianças e dificilmente conseguiria romper com a lógica do loteamento. Na visão do parlamentar, Dilma poderia ao menos exigir nomes mais qualificados das legendas. “O ideal seria ela aproveitar a oportunidade e tentar celebrar um pacto de eficiência com seus aliados”, afirma.

Sucessão – No centro da crise do Trabalho, o PDT vai decidir nos próximos dias qual postura adotar diante da queda de Lupi. A legenda insinua que pode se recusar a indicar o sucessor do ex-ministro e que aceita uma troca de ministérios. Contudo, desde que a crise no Trabalho se agravou, surgiram no partido alguns candidatos a sucessor de Carlos Lupi: os deputados Vieira da Cunha (RS) e Brizola Neto (RJ) aspiram à vaga.

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A presidente, entretanto, leva a sério a hipótese de tirar o PDT do ministério do Trabalho, o que abriria espaço para outras legendas – a principal delas, claro, é o PT. Os deputados Ricardo Berzoini (PT-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) são citados como candidatos ao posto. A disputa de petistas e pedetistas pelo cargo não é nova – e tem como pano de fundo os milionários recursos movimentados pela Central Única dos Trabalhadores, comandada pelo PT, e a Força Sindical, ligada ao PDT.

Se o objetivo do rodízio de ministérios for antisséptico, o efeito provavelmente não será dos melhores. Quase todos os partidos agraciados com pastas na Esplanada foram atingidos por denúncias de corrupção em 2011. A lista inclui PT, PCdoB, PMDB, PR e PP. Só o PSB chegou ileso até aqui.

Aliás, pelo menos até janeiro o Ministério do Trabalho vai continuar nas mãos de um pedetista envolvido na extensa trama de irregularidades na pasta: Paulo Roberto Santos Pinto, até então o número 2 do órgão, acabou de assumir a pasta. Além de ser ligado ao time de pedetistas que operava um esquema de extorsão dentro do ministério, ele tentou salvar a pele do chefe com um expediente questionável. Depois que VEJA revelou que Lupi viajou no King Air providenciado pelo dono entidades que mantêm contratos suspeitos com a pasta, Pinto tentou convencer o ex-secretário de Políticas Públicas de Emprego, Ezequiel Nascimento, a mudar sua versão. Fora Ezequiel quem confirmara a história a VEJA.

Investigações – A queda de Carlos Lupi altera os trâmites judiciais do caso. Na Procuradoria-Geral da República há um pedido de investigação do pedetista, apresentado pelos partidos de oposição. Até agora, o procurador Roberto Gurgel ainda não havia dado um desfecho ao requerimento. Com a demissão de Lupi, o caso deve ser encaminhado à Procuradoria da República no Distrito Federal, ainda na primeira instância. Se os procuradores locais decidirem pela abertura de inquérito, o processo tramitará na Justiça comum e não mais no Supremo Tribunal Federal. Já as investigações na Controladoria-Geral da União e no Tribunal de Contas da União continuam, independemente da queda.

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