Justiça condena mais 10 policiais por massacre do Carandiru
Quarta etapa do julgamento do massacre do Carandiru foi concluída nesta quarta-feira; dez policiais foram responsabilizados pela morte de oito detentos no último andar do Pavilhão Nove
O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou, nesta quarta-feira, dez policiais pela morte de oito presos no último andar do Pavilhão Nove da Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo, em 1992. Esta foi a quarta etapa do julgamento do massacre do Carandiru, que foi desmembrado de acordo os andares do prédio por causa do número de vítimas e réus. Com a sentença de hoje, sobe para 58 o número de condenados pela ação policial de repressão ao motim que terminou com a morte de 111 detentos.
As penas dos réus condenados nesta quarta-feira somam 968 anos de prisão – nove réus foram condenados a 96 anos e um a 104. Eles podem recorrer em liberdade até que os recursos sejam esgotados. A sentença foi decidida por um júri formado por quatro homens e três mulheres. Além das oito mortes, eles também foram responsabilizados por três tentativas de homicídio.
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A princípio, os policiais eram julgados pela morte de dez pessoas, mas o MP pediu que duas delas fossem desconsideradas, porque uma havia sido provocada por arma branca e a outra teria ocorrido em outro piso. Inicialmente, doze policiais foram acusados dessas mortes, mas dois deles morreram ao longo do processo.
Como nas etapas anteriores do julgamento do massacre do Carandiru, a promotoria acusou os policiais de agirem de forma desmedida, atirando contra os presos à queima roupa e sem oferecer chance de defesa. O advogado dos PMs, Celso Vendramini, tentou desqualificar os argumentos da acusação alegando que os dez policiais agiram em outro andar do Pavilhão Nove. Vendramini é o mesmo que abandonou a sessão na terceira etapa do julgamento. Na ocasião, ele afirmou que o juiz, Rodrigo de Camargo Tellini, estava favorecendo o Ministério Público.
Histórico – Na primeira etapa do julgamento, em abril do ano passado, 23 policiais foram condenados a 156 anos de prisão pela morte de 13 detentos. Em agosto, na segunda etapa, 25 PMs foram condenados a 624 anos de reclusão pela morte de 52 presos. A terceira etapa, que não foi concluída porque Vendramini se retirou do plenário, foi reagendada para o dia 31 de março.
Até agora, 58 policiais foram condenados a 1748 anos de prisão pela morte de 75 presos. Ainda faltam quinze policiais serem julgados pela morte de outros oito detentos.
(Com Estadão Conteúdo)