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Câmara cassa mandato do seu deputado-presidiário

Natan Donadon, de Rondônia, mais uma vez expôs o Congresso ao ridículo e circulou pela Câmara vestindo uniforme branco de presidiário

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 fev 2014, 20h59

Mais de cinco meses depois de ultrapassar todos os limites do ultraje e legitimar a figura do deputado-presidiário no Brasil, a Câmara cassou na noite desta quarta-feira o mandato de Natan Donadon (RO), que cumpre pena no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. No total, 467 deputados votaram pela perda do mandato e nenhum contra – eram necessários, no mínimo, 257 votos para a cassação. Houve uma abstenção, do deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA).

Em agosto do ano passado, Donadon havia escapado da perda de mandato porque o número mínimo de votos necessários para a cassação não foi alcançado. Foram 233 votos a favor, 131 contra e 41 abstenções. O alto número de ausências (108 de 513 parlamentares simplesmente não votaram) também contribuiu para o vexame.

Um fator foi determinante para que o vexame do ano passado não se repetisse nesta quarta: pela primeira vez, uma votação de cassação de mandato foi aberta – ou seja, desta vez os parlamentares registraram seus votos no painel eletrônico. Em ano eleitoral, a maioria da Casa não quis arriscar enfrentar o desgaste de proteger abertamente o ex-colega de plenário.

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Donadon mais uma vez expôs o Congresso ao ridículo: chegou algemado em um carro da polícia e circulou pela Câmara vestindo uniforme branco de presidiário. Escoltado por agentes da Polícia Legislativa, foi levado para uma sala onde teve acesso a um terno levado por sua mulher. Depois, recebeu o broche de deputado, usado na lapela do paletó para identificar parlamentares, e seguiu para o plenário pela última vez. Funcionários e seguranças da Casa cumprimentaram o deputado-presidiário.

“Estou muito aborrecido que quebraram a Constituição e iniciou-se uma nova ação com o voto aberto, quebrando a regra do jogo. O voto aberto serve simplesmente para massacrar minha pessoa e minha família”, afirmou Donadon a jornalistas, carregando a Constituição Federal e o regimento interno da Casa embaixo do braço. No plenário, enquanto a imprensa acompanhava cada passo de Donadon, seu colegas parlamentares evitaram se aproximar: “Não fica perto que pode pegar mal”, avisou um deputado de Pernambuco a seu correligionário, com medo de aparecer nas fotos. O petista Cândido Vaccarezza (SP) foi um dos poucos a abraçar o rondoniense.

Embora tenha manifestado a intenção de discursar pela última vez na tribuna da Casa, Donadon acatou a sugestão de alguns deputados e evitou falar ao microfone. Ele permaneceu no plenário por poucos minutos e deixou a Câmara logo após seu advogado, Michel Saliba, ter apresentado a defesa – sem sequer ver sua cassação ser proclamada.

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O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, classificou a decisão dos deputados como uma “volta à realidade”. “Foi uma noite constrangedora, mas essa Casa teve que fazê-lo e cumpriu o seu dever honrando a primeira votação com o voto aberto nas questões de perda de mandato parlamentar”, disse, ao fim da votação. Alves empossou o suplente Amir Lando (PMDB-RO), convocado após a sessão que absolveu o mandato de Donadon, em agosto, como deputado titular.

Em junho do ano passado, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a expedição do mandado de prisão contra o parlamentar. Era ainda o primeiro caso em que um deputado no exercício do mandato tinha a prisão determinada pelo STF desde 1988. Em 2010, o agora ex-deputado foi condenado à pena de treze anos, quatro meses e dez dias de reclusão pelos crimes de formação de quadrilha e peculato – foi considerado culpado pelo desvio de 8,4 milhões de reais da Assembleia Legislativa de Ronônia.

Donadon foi o 18º deputado a ter o mandato cassado pela Câmara desde a Constituição de 1988 – o último foi o mensaleiro Pedro Corrêa (PP-PE), que recentemente também esteve preso na Papuda, em 2006.

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