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Braço-direito de Paes admite ter agredido mulher

Pedro Paulo diz que o ataque ocorreu num ‘momento de descontrole’ e que seu caso não se enquadra na Lei Maria da Penha

Por Leslie Leitão 5 nov 2015, 15h56

O secretário-executivo de Coordenação de Governo do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Carvalho (PMDB-RJ), enfim, admitiu ter agredido a ex-mulher, Alexandra Mendes Marcondes. Desde que o caso foi revelado pelo site de VEJA, há três semanas, o braço-direito do prefeito Eduardo Paes e candidato à sucessão vinha adotando o discurso de que nada do que havia sido relatado por ela, em 2010, originando uma investigação na Delegacia de Atendimento à Mulher, era verdade. Alexandra chegou a enviar um email dizendo que inventou tudo para prejudicá-lo. Mas, na tarde de terça-feira, ao ser ouvida no Ministério Público, ela confirmou ter sido agredida e, mesmo pedindo para que o caso não seguisse adiante, obrigou o ex-marido a ter que falar a verdade. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo nesta quinta-feira, Pedro Paulo alegou que não costumava agredi-la constantemente.

“Foi um episódio triste que aconteceu na minha vida. Um dos momentos mais difíceis. Você imagina uma separação da forma que foi. Eu errei. Trai minha mulher e me arrependo profundamente disso. Foi um momento de muita tensão, de descontrole. Tivemos discussões e agressões mútuas”, afirmou, completando.

Ao jornal O Globo, o prefeito Eduardo Paes já tinha tratado o caso como uma questão “da vida privada”. Agora, seu pupilo voltou a frisar que houve um acordo no processo de separação e que o intuito era o de preservar a filha do casal, hoje com apenas dez anos de idade. Pedro Paulo diz ter aprendido muito com o ocorrido: “Sou um pai melhor, um homem melhor depois desse episódio”. Em relação ao crime previsto na Lei Maria da Penha – em cinco anos e oito meses, a Polícia Civil nada fez para investigar o caso -, o secretário afirma ser um conhecedor da matéria, mas acredita não se enquadrar na lei, pelo fato de ter sido um único episódio. “Conheço a lei Maria da Penha. É importante a gente distinguir um descontrole, uma briga de casal, do que é um episódio deliberado de violência doméstica. Não tenho comportamento repetitivo [agressivo] com mulher, filhos ou qualquer outra pessoa. A Lei Maria da Penha é clara nesse sentido. Ela distingue o que são episódios de briga de casal, que acontecem no cotidiano da famílias, do que é um ato de violência familiar”, afirmou.

O site de VEJA consultou juristas, que negam haver qualquer diferenciação: “Não pode agredir nunca. Esta declaração me lembra a do goleiro Bruno, que certa vez questionou quem nunca havia batido na mulher”, diz um juiz. O artigo 5º diz o seguinte: “Configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.

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Pedro Paulo se negou a falar sobre o laudo pericial que atesta as agressões. Após registrar a agressão na delegacia, em 6 de fevereiro de 2010, Alexandra foi ao Instituto Médico-Legal e foi submetida ao exame de corpo delito, que apontou as agressões com chutes nas coxas, socos no olho e na boca, este que acabou quebrando um dente. Menos de uma hora depois, naquela mesma madrugada, o secretário também chegou a fazer o mesmo exame, que constatou os arranhões em seu corpo. É com base nisso que, agora, ele alega ‘agressões mútuas’: “Tem um laudo dela e um laudo meu”, disse ao jornal Folha de S. Paulo.

O secretário aguarda agora a definição do Ministério Público do Rio de Janeiro. Apesar de ser deputado federal e, por isso, ter foro privilegiado, o caso ainda não foi para as mãos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Hoje, o procurador-geral do Estado, Marfan Martins Vieira, deverá receber o parecer da sub-procuradoria que faz uma análise do caso, para decidir se encaminha o caso para Brasília ou se arquiva. Questionado se as mulheres deveriam continuar denunciando seus agressores, Pedro Paulo ponderou: “Toda mulher tem que denunciar atos de violência doméstica. Mas existem atos de violência doméstica e brigas de casal. O fato é que eu respeito e reconheço os direitos das mulheres. É a minha história de vida pública. Esse foi um episódio isolado, difícil da nossa vida, que não se repetiu depois”, afirmou, concluindo: “Uma discussão por uma traição é algo muito doloroso. E a traição da forma que foi pode-se perder o controle. Isso está no cotidiano das pessoas, discussões… Transformar isso num comportamento recorrente, frequente, agressivo… Isso não é da minha…”

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