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MG tem quatro mortos pelas chuvas. Mau tempo persiste

Equipes de resgate ainda buscam uma mulher de 74 anos que está desaparecida em Santo Antônio do Rio Abaixo desde o dia 30 de dezembro

Por Andréa Silva, de Belo Horizonte (MG)
2 jan 2012, 15h44

Subiu para quatro o número de mortos em Minas Gerais em razão das fortes chuvas que atingem o estado desde outubro. A confirmação foi feita pela Defesa Civil na tarde desta segunda-feira. Por volta das 4 horas desta segunda-feira, Maria de Lourdes Rocha, de 78 anos, estava no quintal de sua casa, em Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata mineira, tentando recolher um animal de estimação. Houve então o deslizamento de uma encosta, ela foi soterrada e seu corpo foi encontrado por bombeiros e policias militares às 9h15.

Também na madrugada morreu Jailson Aparecido, de 38 anos, vítima do desabamento de um prédio no Bairro Caiçaras, em Belo Horizonte. As outras duas mortes causadas pelos temporais foram registradas no ano passado. Em novembro, uma mulher de 27 anos morreu arrastada pelas águas de um rio em Governador Valadares, e, em outubro, um homem de 43 anos morreu atingido pela queda de uma árvore na cidade de Reduto.

E os temporais que castigam a região metropolitana de Belo Horizonte devem continuar ao longo da terça-feira. O volume de chuva na Grande Belo Horizonte superou a média histórica dos últimos 100 anos. Foram 720 milímetros de precipitação, ultrapassando a marca de 1987 quando foram registrados 684 milímetros.

O meteorologista Ruibran dos Reis, do Instituto Clima Tempo, informou que nos dois primeiros dias de janeiro já choveu 148 milímetros. O volume corresponde a 50% do esperado para 15 dias. Segundo ele, as chuvas não darão trégua pelo menos nesta semana. A partir de quarta-feira está prevista elevação na temperatura, mas com chuvas torrenciais, que podem provocar mais inundações na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Reis explicou que desde o fim de novembro vem sendo registrada a incidência de várias frentes frias estacionadas sobre Minas e são as causadoras das chuvas contínuas. “Os temporais estão associados à Zona de Convergência do Atlântico Sul. Com isso, há o transporte da umidade da Amazônia em direção ao Oceano Atlântico, o que alimenta as frentes frias que estacionam e aumenta o volume das chuvas”, informou o meteorologista.

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Segundo ele, as áreas mais atingidas do Estado são a Região Oeste, a Região Metropolitana de BH e a Zona da Mata, onde o registro das chuvas estão acima da média histórica. Em todo o país, há a atuação do fenômeno La Niña. A partir do dia 20 de janeiro, quando a temperatura estará mais elevada, aumenta o risco de temporais.

Apesar da maior concentração de danos na capital, a chuva castiga várias áreas do estado. De acordo com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Comdec-MG), desde novembro 102 municípios mineiros sofreram danos materiais e 44 deles já decretaram situação de emergência. Ao todo, 9.365 pessoas estão desalojadas, 404 desabrigadas e 32 ficaram feridas. Durante os temporais 2.420 casas foram danificadas e 84 destruídas. As pontes de algumas cidades também tiveram danos: 75 foram destruídas e 71, danificadas. Nesta tarde, A Defesa Civil emitiu alerta à população para evitar circular pelas avenidas Tereza Cristina, Afonso Vaz de Melo e Professor Prudentes de Moraes, na capital, devido o risco de trasbordamento dos córregos que passam por essa vias.

Desde sábado (31) o Corpo de Bombeiros trabalha nas buscas por uma mulher de 76 anos, moradora de Santo Antônio do Rio Abaixo, na Região Central de Minas. Ela pode ser a quarta vítima das chuvas. Rita Vieira de Souza desapareceu após o trasbordamento do córrego dos Bambus. Vizinhos informaram a equipe de resgate que durante uma tempestade o nível da água subiu rapidamente e invadiu a casa de Rita, provocando a queda do imóvel. Os escombros foram arrastados pela a enxurrada e a suspeita é de que ela tenha sido levada.

Desabamento – Técnicos da Defesa Civil fazem vistoria desde o início da manhã nas moradias vizinhas ao prédio de dois andares e dois blocos, com quatro apartamentos, que desabou na Rua Passa Quatro, no Bairro Caiçaras (região noroeste da capital), provocando a morte um morador e deixando a mulher dele gravemente ferida. Três residências foram interditadas. Elas tiveram abalos nas estruturas e serão reavaliadas. A rua está isolada e moradores estão sendo autorizados a entrar nos imóveis somente para pegar documentos e remédios.

O casal atingido pela queda do edifício foi retirado dos escombros pelo Corpo de Bombeiros. O homem sofreu uma parada cardiorrespiratória na ambulância dos bombeiros e não resistiu. A mulher foi levada em estado grave para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS).

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Treze pessoas estavam no prédio, entre elas duas adolescentes, de 12 e 15 anos. As meninas estavam dormindo sozinhas (o pai estava no trabalho) e os militares precisaram arrombar a porta do apartamento. O prédio era construído sobre uma encosta e a estrutura já estava abalada. Pouco antes do incidente, uma moradora ouviu os estalos e solicitou ajuda a uma viatura da Polícia Militar, que passava pelo o local. A PM conseguiu retirar 11 moradores, evitando uma tragédia maior.

“Há dois anos vínhamos sendo notificados pela Defesa Civil sobre o risco de o prédio cair por causa das grandes rachaduras na parte externa. A última notificação foi há cinco meses. Porém, não houve pedido para sairmos e não houve a interdição. Eles nos entregaram um relatório, informando que se voltassem todos deveriam deixar seus apartamentos, mas eles não voltaram”, contou Jane Jaqueline Taline dos Santos, a primeira moradora do prédio. A mulher já havia deixado a moradia com a família há meses, temendo o pior.

A Defesa Civil informou que além das rachaduras, o prédio já havia apresentando problemas estruturais e que todos os moradores haviam sido notificados a deixarem suas moradias, no entanto, eles se recusaram a sair, alegando que não tinham para onde ir. As encostas no entorno do local onde houve o desmoronamento estão sendo escoradas com sacos de serragem.

Em Contagem (Região Metropolitana de Belo Horizonte), no Bairro Bandeirantes, sete pessoas ficaram feridas após o desmoronamento de duas casas, construídas na frente de um barranco. Os feridos foram socorridos por vizinhos, bombeiros e o Samu. Em Santa Luzia (Região Metropolitana de Belo Horizonte) uma mulher e a filha dela de cinco anos também sofreram ferimentos após queda de terras de uma encosta sobre a residência onde elas dormiam.

Inundações – Em Brumadinho e Itabirito (Região Central de Minas) o nível dos rios que cortam as duas cidades subiu, deixando várias famílias ilhadas. Técnicos da Defesa Civil e homens do Corpo de Bombeiros do Batalhão Emergencial do Meio Ambiente (Bem) estão trabalhando para ajudar a população. As equipes estão sendo auxiliadas por um helicóptero que sobrevoa as áreas mais atingidas. O Corpo de Bombeiro informou que chove há uma semana sem parar em Brumadinho e na maior parte da cidade só é possível transitar pelas ruas e avenidas em barcos.

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