Atraso deixa 31 trens novos do metrô de São Paulo parados
Com nova tecnologia, composições reduziriam o intervalo entre trens e a superlotação
O atraso do governo estadual para concluir obras de duas linhas de metrô e para instalar o novo sistema de controle de trens que reduziria o intervalo entre eles tem mantido paradas 31 novas composições da empresa. Na Linha 5-Lilás, quinze estão no Pátio Capão Redondo, na Zona Sul da cidade de São Paulo – uma já foi pichada.
Todos os 31 trens paralisados têm a tecnologia CBTC (sigla em inglês para Controle de Trens Baseado em Comunicação). O sistema é importante para reduzir o intervalo entre as composições e, assim, diminuir a superlotação.
Leia também:
Alckmin oferece R$ 50.000 por pistas sobre autores de chacina
Haddad quer alterar nomes de ruas relacionados à ditadura
Na linha 15-Lilás, o primeiro trem está pronto para ser usado desde outubro de 2013. Mas ele só deve entrar em operação em dezembro, com a garantia de fábrica de dois anos vencida. Outras quatro composições circularão com tempo menor de garantia. O problema é que os trens adquiridos são mais modernos do que os trilhos, que não estão preparados para operar com o sistema CTBC.
A incompatibilidade impede, por exemplo, o uso imediato das composições no trecho entre Capão Redondo e Adolfo Pinheiro, da Linha 5-Lilás, o que traria mais conforto aos usuários. O CBTC é um sistema em que os trens são comandados por computador. Os sistemas sabem onde estão cada um dos trens da linha e qual a velocidade que eles estão desenvolvendo. Assim, é possível reduzir a distância entre cada composição – e aumentar a quantidade de trens na via.
O sistema atual, analógico, chamado ATO, controla a distância entre os trens dividindo a linha em vários setores. Quando um trem está em um setor, não é possível que outro trem entre, garantindo a distância segura entre eles, mas reduzindo a quantidade de composições que podem rodar simultaneamente em uma linha. Ao todo, o Metrô comprou para a Linha 5-Lilás 26 composições modernas, com o CTBC, por 615 milhões de reais.
Já no monotrilho da Linha 15-Prata são mais dezesseis trens sem uso no pátio da Estação Oratório. Ali, o problema principal é o atraso das obras de engenharia. Prevista para ser entregue em 2014, a linha começou a operar na semana passada, interligando a Vila Prudente ao Oratório, na Zona Leste da capital paulista. Ainda não há data para a conclusão da linha.
Na Linha 5-Lilás, a entrega das obras de extensão foi adiada quatro vezes – ela estava prevista para este ano. Em março, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) prometeu a conclusão dela em 2017.
Segundo o Metrô, atrasos da Bombardier, empresa responsável pela modernização da via, barram o uso dos novos trens. O prazo para conclusão era novembro de 2014. A Bombardier informou, por nota, que negocia dezembro deste ano como nova data de entrega.
Para especialistas, os vagões parados têm “custo social”, já que o governo pagou para que eles fossem usados na operação comercial. Os engenheiros afirmam que, sem o sistema CBTC, os vagões não podem ser testados na integralidade. O Metrô nega e diz que os equipamentos passam por todos os testes. “O prejuízo maior é o social, de investir e não ter o retorno da funcionalidade. Se vai colocar um dinheiro desse montante, é esperado um retorno. Esse valor poderia estar rendendo em outra coisa e agora está deteriorando”, disse o mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), Sérgio Ejzenberg.
(Com Estadão Conteúdo)