Atleta olímpica é espancada durante assalto na USP

A atleta olímpica de remo Bianca Miarka, de 32 anos, foi espancada na manhã deste domingo por dois assaltantes quando se preparava para treinar na raia da Universidade de São Paulo (USP), no Butantã, Zona Oeste da capital. Ela disse ter sido agredida, inicialmente, com um capacete após desarmar um dos criminosos. A dupla fugiu levando a mochila da remadora.

Bianca chegou à universidade no ônibus circular que faz o trajeto do metrô Butantã até a USP, e desceu no portão 3 para caminhar até a raia. Por volta das 6h40, ela seguia na Avenida Corifeu de Azevedo Marques quando a dupla pilotando uma moto azul parou ao seu lado e anunciou o assalto. “O jovem que estava na garupa estendeu uma arma e disse a famosa frase ‘passa a mochila'”, disse a atleta, que nasceu na Alemanha e se naturalizou brasileira para disputar os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México, há três anos.

“Calmamente, perguntei se eu poderia retirar um documento”, contou. Diante da negativa, Bianca disse ter notado “sinais de alteração psicológica” no rapaz armado. “Nesse instante, percebi que minha vida poderia estar em jogo e rapidamente retirei a arma do bandido.” O outro assaltante, entretanto, partiu para cima de Bianca e a atingiu com o capacete. Ela foi ferida na testa e começou a sangrar. “Os infratores continuaram batendo em mim, mesmo após pegar os meus pertence,s e acredito que só tenham fugido após verem os sangramentos no rosto e na cabeça”, afirmou. Eles escaparam antes da chegada de ajuda à atleta.

Leia também:

Para familiares, morte de estudante não foi um acidente

Tese de que corpo de estudante foi jogado após 3 dias em raia ganha força

Após 115 dias, funcionários da USP decidem encerrar greve

Insegurança – Bianca contou que chegou a São Paulo na semana passada – ela é atleta do Botafogo, no Rio de Janeiro – e havia sido informada sobre uma morte na USP. “Naquele momento, pensei �’a USP não é mais segura como antigamente’ �”, afirmou, antes de concluir que sentiu que seria “a bola da vez” dos assaltantes. A morte a que a atleta se refere é a de Victor Hugo Santos, de 20 anos, cujo corpo foi encontrado na raia olímpica no último dia 23.

Na mochila, Bianca carregava documentos e o telefone celular. Ela passou a segunda-feira tentando providenciar a segunda via dos papéis e registrando o caso na polícia. “Estou com diversos hematomas e machucados pelo corpo, não pude competir na final do brasileiro em razão das lesões”, contou a atleta. Ela se mostrou indignada com a insegurança ao redor do câmpus. “Eu tive a sorte de ter praticado por 25 anos esportes de combates, o que serviu para minha autodefesa. Mas quantos jovens e mulheres serão encontrados mortos ou espancados no futuro por falta de segurança?”

Antes de se dedicar ao remo, Bianca foi judoca – chegou a ser reserva da seleção olímpica. Ex-estudante da USP, Bianca fez seu doutorado em Educação Física na universidade.

(Com Estadão Conteúdo)