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Santa Teresa ganhou UPP, mas perdeu um batalhão

Moradores do bairro do Rio onde hotel de luxo foi assaltado cobram policiamento na rua e criticam extinção de unidade da PM que cuidava das ruas da região

Por Leo Pinheiro, do Rio de Janeiro
19 jul 2011, 19h20

Secretaria de Segurança promete criar uma Companhia Destacada de Policiamento, que será instalada onde funcionava o Hospital do Quarto Centenário.

Santa Teresa, o charmoso bairro turístico, foi um dos beneficiados com a criação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), nos morros dos Prazeres e Escondidinho. A fama do local, para além do bondinho, dos ateliês, restaurantes e dos pontos turísticos, nas duas últimas décadas, foi também a da insegurança. Assaltos a residência, roubos de carro e presença do tráfico de drogas nas favelas que dividem a encosta com casas de luxo fazem parte da história recente da região.

A chegada da polícia ‘pacificadora’ foi um alento. Mas, na madrugada de segunda-feira, a invasão ao Hotel Santa Teresa, com 15 hóspedes atacados por quatro bandidos armados, espalhou pelo resto da cidade o que, até então, parecia uma insatisfação restrita às ruelas do bairro: apesar do avanço da segurança sobre o território que antes era de traficantes, há muito a fazer para que o local seja considerado seguro.

Diretor da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa, o historiador Álvaro Braga aponta para uma mudança que, segundo ele, prejudicou a segurança no bairro: a extinção do 1º Batalhão de Polícia Militar, unidade que cuidada do policiamento ostensivo em Santa Teresa. “No dia em que fomos avisados que o batalhão iria acabar todos os membros foram pegos de surpresa. Não só eu, mas também os delegados da 6ª e da 7ª DPs, o coronel Ranulfo Brandão, que comandava a unidade. Nós não fomos consultados”, afirma Braga. Atualmente, o bairro faz parte da área coberta pelo 5º BPM (Harmonia).

Para o historiador, a preocupação com o turismo é legítima. Mas o episódio da madrugada de segunda-feira acabou expondo a situação que preocupa moradores e quem está, todos os dias, exposto à insegurança. “É lógico que o assalto a um hotel de luxo atrairia a atenção da mídia e, por isso, o secretário de segurança se pronunciou”, acredita.

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O posicionamento da Secretaria de Segurança e do governo do estado veio na forma de um anúncio que, se confirmado, pode amenizar o problema. A secretaria informou, na segunda-feira, que Santa Teresa vai receber uma Companhia Destacada de Policiamento, que será instalada onde funcionava o Hospital do Quarto Centenário.

Confirmada a promessa, moradores e comerciantes esperam ver o que, em geral, tem impacto direto na sensação de segurança de uma região: policiais e carros de polícia circulando na rua. Para Edilene Francisca, gerente de uma loja de roupas situada no Largo dos Guimarães, um dos principais pontos comerciais do bairro, o assalto ao hotel já prejudica as vendas. “Hoje o movimento está mais fraco. A notícia se espalha rápido. Os turistas e os próprios cariocas se afastam”, diz. Edilene diz que há cerca de um mês, desde que o 1º batalhão foi extinto, reparou que há menos policiamento nas ruas do bairro. “Vi passar carros aqui hoje, mas já tem um tempo que acabou o policiamento a pé. Antes dois policiais costumavam vir aqui na loja, perguntar se estava tudo bem. Os compradores vendo aquilo se sentiam mais seguros, e eu também”, diz a gerente.

Na mesma calçada da loja funciona um tradicional restaurante de comida Alemã, no qual os funcionários também repararam a diminuição do policiamento. “Policial andando pela rua é coisa rara de se ver por aqui. Eles passam de carrinho de golfe e os policiais da UPP passam de carro na hora de troca de guarda, mas nunca param”, diz o garçom Francinaldo Viterbo. Apesar da reclamação Francinaldo afirma que hoje a segurança é melhor do que há oito anos, quando começou a trabalhar no local. “Assalto ao comércio não existe mais aqui. O problema que a gente ouve falar muito é de assalto às casas”, completa o garçom.

Morador do bairro há trinta anos, o balconista Omar Dario é da turma que acha que a segurança de Santa Teresa é estável. “Ruim como sempre foi”, ironiza ele. Omar lembra uma característica peculiar da região: a contratação de vigilância privada com instalação de cancelas irregulares nas ruas. “Na maioria das vezes quem faz isso são moradores que já tiveram as suas casas invadidas. Mas o problema é que a cada dia que passa são instaladas novas guaritas e contratados homens para fazer o serviço policial”, conta o balconista, que se preocupa com a proliferação da segurança ‘por conta própria’. “É também uma questão de infra-estrutura. Querem transformar o bairro em atração turística, mas de turístico aqui só tem a arquitetura. Não tem iluminação, serviços, comércio para os moradores. E isso em um bairro em que tudo é caro, o IPTU, o aluguel”, protesta.

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