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Ao MP, Valério diz que amigo de Lula o ameaçou de morte

No depoimento em que afirma que dinheiro do mensalão pagou contas de Lula, operador do esquema diz que Okamotto foi claro: 'Ou se comporta, ou morre'

Por Da Redação
11 dez 2012, 09h01

No mesmo depoimento à Procuradoria-Geral da República em que afirmou que dinheiro do mensalão pagou despesas pessoais do ex-presidente Lula, o operador do esquema, Marcos Valério disse ainda ter sido ameaçado de morte por Paulo Okamotto, atual diretor do Instituto Lula e amigo do ex-presidente. “Se abrisse a boca, morreria”, afirmou o empresário à PGR. As declarações de Valério foram publicadas na edição desta terça-feira do jornal O Estado de S. Paulo.

“Tem gente no PT que acha que a gente devia matar você”, teria dito Okamotto a Valério, conforme as duas últimas das 13 páginas do depoimento prestado no dia 24 de setembro pelo operador do mensalão ao Ministério Público Federal. “Ou você se comporta, ou você morre”, teria completado Okamotto. Valério disse à subprocuradora da República Cláudia Sampaio e à procuradora Raquel Branquinho que foi “literalmente ameaçado por Okamotto”. Procurado pelo jornal, o diretor do Instituto Lula não comentou o caso nesta segunda-feira.

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Valério relatou que Okamotto o procurou pela primeira vez em 2005, dias depois da entrevista concedida pelo então presidente do PTB, Roberto Jefferson, em que o escândalo do mensalão era revelado. Okamotto disse, segundo Valério, que o procurava por ordem do então presidente Lula. Os dois teriam se encontrado primeiro na casa de Eliane Cedrola. Segundo Valério, uma diretora da empresa de Okamotto. O emissário de Lula teria pedido que Valério permanecesse em silêncio e não contasse o que sabia.

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Da segunda vez, o encontro ocorreu na Academia de Tênis em Brasília, onde Okamotto se hospedava, conforme Valério. Foi nessa segunda conversa, cuja data não é mencionada, em que as ameaças expressas teriam sido feitas. Okamotto foi alvo da oposição durante as investigações do esquema do mensalão no Congresso Nacional. Na época, ele presidia o Sebrae e entrou na lista de investigados por ter pago uma dívida de 29.436,26 reais contraída por Lula em empréstimo feito junto ao PT. Passou a ser classificado como um tesoureiro informal do presidente.

A reportagem do jornal entrou em contato com a assessoria de imprensa do Instituto Lula no início da tarde desta segunda-feira. A assessoria do instituto, no entanto, informou que Lula e Okamotto não “quiseram comentar o depoimento”. Posteriormente, a assessoria informou que Okamotto responderá às acusações “quando souber o teor do documento”. Por enquanto, acrescentou a assessoria do instituto, Okamotto não se considera suficientemente informado para se pronunciar.

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Mais revelações – À PGR, Valério afirma que Lula não apenas sabia do esquema como se beneficiou dele – tendo, inclusive, avalizado empréstimos ao PT. Segundo o jornal, Valério disse que os valores foram depositados na conta da empresa do ex-assessor da Presidência, Freud Godoy, conhecido como o “faz-tudo” de Lula na época – e ligado ao escândalo dos aloprados. O empresário declarou ainda que o ex-presidente deu “ok” para o PT tomar empréstimos com os bancos BMG e Rural para pagar deputados da base aliada. O aval teria sido dado em um reunião no Palácio do Planalto, que teve a presença do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares, ambos também condenados pelo STF.

Na ocasião, Dirceu teria dito que Delúbio negociava em seu nome e no de Lula – o ex-ministro teria autorizado inicialmente pegar um empréstimo de 10 milhões de reais e, depois, mais 12 milhões. Além disso, conforme a reportagem do jornal, Marcos Valério também afirma no depoimento que Lula e o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, negociaram com a Portugal Telecom no Palácio do Planalto o repasse de 7 milhões de reais para o PT – dinheiro que, segundo Valério, foi recebido por suas empresas de publicidade.

Segredos – Com a certeza de que iria para a cadeia, o empresário mineiro começou a revelar os segredos do mensalão em meados de setembro, como revelou VEJA. Em troca de seu silêncio, Valério disse que recebeu garantias do PT de que sua punição seria amena. Já sabendo que isso não se confirmaria no Supremo – que o condenou a mais de 40 anos por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro – e, afirmando temer por sua vida, ele declarou a interlocutores que Lula “comandava tudo” e era “o chefe” do esquema.

Pouco depois, o operador financeiro do mensalão enviou, por meio de seus advogados, um fax ao STF declarando que estava disposto a contar tudo o que sabe. No início de novembro, nova reportagem de VEJA mostrou que o empresário depôs à Procuradoria-Geral da República na tentativa de obter um acordo de delação premiada – um instrumento pelo qual o envolvido em um crime presta informações sobre ele, em troca de benefícios. Pela primeira vez, ele informou ter detalhes sobre outro caso escabroso envolvendo o PT: o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002.

(Com Estadão Conteúdo)

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