Antes do fim das férias, Luiz Pagot pede demissão
Pivô da crise nos Transportes, diretor do Dnit não resistiu à pressão do Planalto
O diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, pediu exoneração na manhã desta segunda-feira ao ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. O pedido também foi encaminhado à presidente Dilma Rousseff. O diretor antecipou-se ao Planalto, que prometeu demiti-lo após suas férias, que terminariam no dia 4 de agosto. Ele também pediu ao ministro o cancelamento de suas férias. Até sexta-feira, a assessoria do Dnit informava que Pagot estava viajando. Nesta segunda, os assessores informaram que ele retornou a Brasília para resolver o imbróglio de sua exoneração.
A demissão de Pagot vem se arrastando desde que ele foi afastado do cargo pela presidente Dilma Rousseff em 2 de julho, mesmo dia em que VEJA apontou o esquema de propina na pasta dos Transportes. Caciques do PR ficaram indignados com o afastamento e foram em peso reclamar com o Planalto. O mais revoltado era o senador Blairo Maggi (PR-MT), que indicou Pagot ao cargo. Para acalmar os ânimos, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, acertou as férias de Pagot. Outro fato também motivou a decisão: o temor de que Pagot revelasse o envolvimento de petistas no esquema de corrupção do Dnit, como ele chegou a ameaçar nos bastidores.
Em depoimento na Câmara e no Senado, no entanto, o diretor negou irregularidades e poupou o PT das denúncias. Com isso, tentava dar um último suspiro a fim de permanecer no cargo. Mesmo apoiado pelo PR, a situação de Pagot ficou insustentável e ele preferiu deixar o cargo a ser demitido sumariamente pelo Planalto. Pagot combinou previamente seu pedido de demissão com o senador Blairo Maggi.
A cúpula do PR não esconde sua insatisfação com as exonerações, muitas vezes associadas ao partido. O líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), reclamou do fato de a presidente Dilma Rousseff ter demitido os funcionários da pasta dos Transportes a conta-gotas. “Pedi a setores do governo que dessem uma orientação para que as demissões fossem feitas todas de uma vez, que não ocorram com essa pressa. À frente das demissões também seria justo que se colocasse o motivo da exoneração. Virou um estado policial, e não um estado democrático de direito”.
Diretoria – Dos sete diretores do Dnit, apenas três sobreviveram às denúncias e continuam no cargo: Herbert Drummond, diretor de Infraestrutura Aquaviária; Jony Marcos Lopes, de Planejamento e Pesquisa; e Geraldo Lourenço de Souza Neto, de Infraestrutura Ferroviária. Como Drummond está de férias, o órgão só trabalha atualmente com dois diretores. Assim, está impedido de deliberar – o quórum mínimo exigido pelo regimento interno para que a diretoria colegiada tome decisões é de quatro diretores.
Os substitutos – que ainda não foram escolhidos pela presidente Dilma Rousseff – só podem ser nomeados após sabatina no Senado Federal, mas os parlamentares só voltam ao trabalho no dia 1º de agosto. Até lá, o Dnit ficará paralisado.