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Agricultura de precisão coloca Não-Me-Toque no mapa

Laços comunitários fortes e empenho por melhorias na técnica agrícola deram status diferenciado à pequena cidade gaúcha

Por Gabriel Castro, de Não-Me-Toque (RS)
10 Maio 2014, 18h59

O paranaense Alvori Fragozo Oliveira chegou a Não-Me-Toque (RS) para passar três dias na cidade, em 2006. Descobriu que uma empresa local precisava de quarenta funcionários para construir um armazém de sementes. Resolveu participar da empreitada. E nunca mais deixou o município.

Alvori acabou contratado pela Cotrijal, gigante do ramo de sementes. Depois, ele se tornaria funcionário da Jan, uma das maiores fabricantes de implementos agrícolas do país. Por iniciativa da empresa, que precisava de mão de obra qualificada, fez um curso de técnico em metalurgia na Universidade Federal de Passo Fundo. Com o progresso na carreira, ele se tornou sócio de uma loja de brinquedos no centro da cidade. Alvori chegou a Não-Me-Toque (RS) com uma moto. Hoje, ele e a mulher têm dois carros. “Não tenho do que me queixar”, disse à equipe da Expedição VEJA neste sábado.

Na pequena cidade de aproximadamente 16.000 habitantes, só não tem emprego quem não quer. O desemprego é perto de zero. Algumas empresas começam a “importar” mão de obra de outros Estados, como o Ceará, e a cidade também recebeu recentemente um grupo de imigrantes haitianos.

As primeiras cidades pelas quais a Expedição VEJA passou, Jundiaí (SP) e Joinville (SC), tinham a vantagem do posicionamento estratégico, próximas a grandes centros e a uma distância reduzida de portos importantes. Mas este não é o caso de Não-Me-Toque, que fica a 370 quilômetros de Porto Alegre e está a mais de 600 quilômetros do litoral. Aqui, a aposta em inovação tecnológica foi determinante para que o município trocasse a pecuária pela produção de maquinário agrícola.

O projeto Aquarius, iniciado em 2000, foi o que permitiu o salto no desenvolvimento municipal. Na época, diferentes empresas do ramo agrícola se organizaram para encontrar formas de usar a tecnologia para aumentar a eficácia o plantio. O projeto, que teve o apoio da Universidade Federal de Santa Maria, envolveu análises de solo e diversos testes na Fazenda Anna, em Não-Me-Toque. E obteve resultados tão significativos que transformaram a cidade na capital brasileira da agricultura de alta precisão. Hoje, 75% do Produto Interno Bruto (PIB) municipal vêm da indústria.

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A cidade abriga anualmente a Expodireto, um dos maiores eventos da agricultura de precisão no mundo. O evento atrai mais de 50.000 pessoas para Não-Me-Toque. Como a rede hoteleira não suporta a demanda, muitos moradores acabam por alugar as próprias casas para os forasteiros. A Rede Ibis, que concentra seus empreendimentos em municípios de médio e grande porte, está construindo em Não-Me-Toque o seu único hotel em uma cidade pequena no país.

Parcerias – O município não está livre de problemas. A prefeita Teodora Lütkemeyer administra um orçamento de 60 milhões de reais. Desse total, de 8% a 10% são aplicados em investimentos. Não há recursos suficientes, por exemplo, para implantar uma rede de saneamento de esgoto em toda a cidade. “Como nosso município tem um alto índice de desenvolvimento, acaba sendo cortado da lista de recursos federais”, diz ele.

Mas, em muitos casos, as parcerias com o setor privado parecem ser o caminho. As oito câmeras de segurança que vigiam a cidade foram adquiridas em parceria com a Associação Comercial do município, que recolheu 150.000 reais entre as grandes empresas da cidade para bancar o projeto. Recentemente, a entidade também reuniu 65.000 reais para a aquisição de uma viatura para Brigada Militar.

A Expedição VEJA encontrou em Não-Me-Toque uma cidade com laços comunitários fortes. O nosso ônibus ficou estacionado na praça central da cidade, em um ponto movimentado pelo qual, no fim do dia, dezenas de pessoas passaram rumo à missa na Igreja.

Assim que nossa equipe chegou ao local, no início da manhã, o ônibus foi visitado por autoridades, radialistas, músicos, empresários e outros cidadãos de Não-Me-Toque. Todos tinham algo positivo a dizer sobre o município onde sobram empregos e ainda há grupos de dança folclórica alemã e holandesa. Na menor das cidades do roteiro da Expedição VEJA, não há contradição entre preservar as tradições do passado e gerar riquezas com o uso de tecnologia de ponta.

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Infográfico: A Expedição VEJA, quilômetro a quilômetro

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O roteiro da expedição
Datas* Cidades
6/5 Jundiaí/SP
8/5 Joinville/SC
10/5 Não-me-toque/RS
13/5 Três Lagoas/MS
16/5 Sorriso/MT
20/5 Luis Eduardo Magalhães/BA
24/5 São Gonçalo do Amarante/CE
27/5 Petrolina/PE
31/5 Sete Lagoas/MG
2/6 Porto Real/RJ
4/6 São José dos Campos/SP
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